sexta-feira, 28 de maio de 2010

Milénio do Atlântico

Série: Datas e Figuras da História de Portugal
Ano: 1999
Valor Facial: 1.000 escudos
Metal: prata 500 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 40 mm
Peso: 27 g +/- 1%
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 500.000
Escultor: Paulo Guilherme
Legislação: Decreto-Lei nº 314/99, de 11 de Agosto

A/: Apresenta o escudo nacional, o símbolo da EXPO 98, a legenda «República Portuguesa» e o valor facial de 1000$.

R/: apresenta a figura do Adamastor, uma embarcação e a legenda «Milénio do Atlântico — 1999».

Adamastor

Adamastor é um mítico gigante baseado na mitologia greco-romana, referido por Luís de Camões n'Os Lusíadas. Representa as forças da natureza contra Vasco da Gama sob a forma de uma tempestade, ameaçando a ruína daquele que tentasse dobrar o Cabo da Boa Esperança e penetrasse no Oceano Índico, os alegados domínios de Adamastor.

É o nome atribuído a um dos gigantes, filhos de Terra, que se rebelaram contra Zeus. Fulminados por este, ficaram dispersos e reduzidos a promontórios, ilhas e fraguedos. O seu nome surge, certamente, pela primeira vez com Sidónio Apolinário. O gigante foi listado por Rabelais, em Gargantua e Pantagruel.

Foi popularizado ao ser usado com verdadeira mestria pelo poeta português Luís de Camões, no Canto V da epopeia portuguesa Os Lusíadas, como o gigante do Cabo das Tormentas, que afundava as naus, e cuja figura se desfazia em lágrimas, que eram as águas salgadas que banhavam a confluência dos oceanos Atlântico e Índico. O episódio do Adamastor representa, assim, em figuração grandiosa e comovida, a sua oposição à audácia dos navegadores portugueses e a predição da história trágico-marítima que se lhe seguiria.

O Adamastor tem não só o papel de reforçar o positivismo da viagem, assim como o Velho do Restelo. Também dá ênfase ao «mais que humano feito» (feito sobrehumano) referido na proposição. Realçando a coragem do Herói, individual ou colectivo, que enfrenta, apesar do medo, desafios superiores do poder do Homem, porque renega a sua emoção seguindo a ordem de el-rei.

Na continuação do episódio, o narrador mostra-nos como este gigante tem uma fraqueza, um amor impossível, mostrando que até o mais poderoso ser padece dessa doença benigna que é o amor.

A sul do Cabo Bojador erguia-se um conjunto de lendas e superstições que a imaginação mitogénica criara a partir do mundo desconhecido. Os marinheiros quatrocentistas não podiam deixar de sentir o mistério que envolvia a transposição de tais obstáculos. As lendas representavam o medo do que havia no tenebroso cabo e para além dele.

À custa de uma experimentação contínua, os marinheiros portugueses aprenderam a recusar esses mitos e chegaram com Bartolomeu Dias ao Cabo das Tormentas, conhecido pela impossibilidade de se navegar, e que, passando a se chamar Cabo da Boa Esperança, lhes abria as portas da Índia. Os mares desse cabo serviram muitas vezes de sepultura a naus e a gentes carregadas de riquezas e de desilusões, como que comprovando as profecias do Adamastor.

Bibliografia
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
Wikipédia - pt.wikipedia.org

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