quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Lobo

A preservação do meio ambiente e da diversidade biológica do planeta é algo de fundamental para o futuro da Humanidade. No sentido de sensibilizar a comunidade para esse problema, julga-se da maior importância a participação de Portugal numa série internacional de moedas comemorativas, em conjunto com vários países do continente americano e a Espanha, alusiva às “Espécies em via de extinção”.

Série: II Série Ibero-Americana
Ano: 1994
Valor Facial: 1.000 escudos
Metal: prata 500 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 40 mm
Peso: 27 g +/- 1%
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 70.000
Escultor: Isabel Carriço e Fernando Branco
Legislação: Decreto-Lei nº 266/94, de 25 de Outubro

A/: Apresenta, no centro do campo, as armas nacionais de Portuggal circundadas pela legenda “República Portuguesa 1000 esc” entre duas circunferências, orladas pelas armas nacionais da Argentina, Colômbia, Cuba, Equador, Espanha, Guatemala, México, Nicarágua, Perú e Uruguai, que constituem os restantes países participantes nesta Série Internacional.

R/: Apresenta no centro do campo um lobo, tendo por baixo a legenda “O lobo” e como fundo um segundo lobo deitado visto de frente e, na orla, a legenda “Espécies em via de extinção” na metade superior e a era 1994 na metade inferior.

A pequena cunhagem registada nesta moeda de 1994, só distribuída em 1995, ficou a dever-se à falta de verba orçamental na Direcção-Geral do Tesouro para pagar os custos de uma amoedação superior ao montante emitido.

Penso que isto, só por si, não justifica a raridade da moeda atribuída pelo mercado. Existem ainda, certamente, outros factores que não são do domínio público e que mais tarde serão conhecidos e nos permitirão conhecer as verdadeiras razões que tornaram o Lobo uma peça tão rara.

O Lobo Ibérico

O lobo da Península Ibérica (Canis lupus signatus) é um subespécie do Lobo -cinzento. A sua população deve rondar entre 1600-1700 indivíduos.

Destes, cerca de 170 habitam no nordeste transmontano. Um pouco mais pequeno e esguio que as outras subespécies do lobo cinzento, o lobo ibérico mede entre 130 a 180 cm de comprimento os machos, e 130 a 160 cm as fêmeas.

Os machos pesam geralmente entre 20 a 40kg e no caso das fêmeas entre 20 a 35kg. A pelagem é de coloração acizentada e mesclada de negro, particularmente sobre o dorso.

A alimentação é muito variada, dependendo da existência ou não de presas selvagens e de vários tipos de pastoreiro em cada região. As suas principais presas são o javali, o corço e o veado, e as presas domésticas mais comuns são a ovelha, a cabra, a galinha, o cavalo e a vaca. Ocasionalmente também mata e come cães e aproveita cadáveres que encontra, isto é, sempre que pode é necrófago.

Espécie que vive em alcateias formadas por 3 a 8 indivíduos, devidamente hierarquizados. Existe um par dominante (par alfa). Os locais habitados por lobos caracterizam-se por baixa pressão humana, embora com elevada taxa de actividade pecuária e uma topografia acidentada. De actividade essencialmente nocturna, podem percorrer num só dia cerca de 20 a 40 km à procura de presas: mamíferos de médio e grande porte.

Habitam em bosques abertos, tundra, florestas densas e montanhas onde se refugia em tocas escavadas por ele ou reaproveitadas de outros animais.

A população Europeia original está agora muito reduzida.A primitiva área de distribuição mundial do lobo (Canis lupus, L. 1758) abrangia quase todo o hemisfério Norte, excepção feita ao Norte do continente Africano. Actualmente este canídeo ocupa uma área muito mais reduzida, estando classificado como Espécie Vulnerável a nível mundial. Na Península Ibérica, a área de distribuição deste predador restringe-se ao quadrante noroeste da península, estando classificado como Espécie Vulnerável em Espanha e como Espécie Em Perigo, em Portugal.

Geralmente acasalam para toda a vida e, usualmente, apenas o par alfa se reproduz. Atingem a maturidade sexual por volta dos 2-3 anos de idade. Apenas se reproduzem uma vez por ano – fim do Inverno ou início da Primavera (Janeiro a Março) – altura em que ocorre o acasalamento. Os nascimentos dão-se, em geral, durante o mês de Maio ou Junho. As ninhadas têm geralmente 3 a 8 lobitos nascendo com os olhos fechados e necessitando de cuidados parentais. Em finais de Outubro saem dos locais de criação e iniciam a sua aprendizagem de caça.

As causas do declínio do lobo são a sua perseguição directa e o extermínio das suas presas selvagens. O declínio é actualmente agravado pela fragmentação e da destruição do habitat e pelo aumento do número de cães vadios/assilvestrados.

A redução progressiva do número de ungulados silvestres (corço e veado) levou a que este predador tivesse que recorrer aos animais domésticos como recurso alimentar. Deste modo, a perseguição directa por parte dos pastores que sofrem prejuízos avultados nos seus rebanhos, sofreu um incremento, apesar da lei que o proíbe. Nas últimas décadas assistiu-se à destruição do habitat preferencial do lobo, com a construção de grandes infra-estruturas viárias levou à fragmentação e redução da área de distribuição do lobo em Portugal. Actualmente, também a existência de um elevado número cães vadios/assilvestrados afecta a sobrevivência do lobo uma vez que competem com o lobo na procura de alimento, sendo provavelmente responsáveis por muitos dos ataques a animais domésticos incorrectamente atribuídos ao lobo.

Bibliografia
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
Espécies em vias de extinção - animais-em-vias-de-extincao.blogs.sapo.pt
TRIGUEIROS, António Miguel, A Grande História do Escudo Português, 2003, Colecções Philae

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3 comentários:

  1. Caro Sr boa tarde

    Quer mesmo saber porque esta moeda é assim tão "rara". Existiu há época um verdadeiro "assambarcamento" na fonte da distribuição, quer por parte de funcionários da INCM, quer por parte de bancários, pois muitos foram aconselhados a guardar umas tantas para mais tarde poderem praticar os preços inacreditáveis que se pede por cada exemplar. Existem ainda muitas que se encontram "guardadas" para serem mais tarde vendidas por um preço muito acima do que leas verdadeiramente valem. Com a actual crise já começamos a assistir a um maior afluxo das mesmas para venda, basta até consultar os sites de leilões da net para ver que os preços estão a baixar. Assim a "raridade" foi criada somente por mero artifício. O valor de uma moeda somente reside no factor procura e ás vezes basta "criar" essa procura apertando o afluxo ao mercado na fonte.

    Cumprimentos

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  2. E qual é o preço desa moeda, actulamente e/ou a coleccção de que faz parte?
    Muito obrigada.

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  3. Como pode ler aqui, o Lobo faz parte da II Série ibero-Americana. Quanto ao preço aconselho a leitura deste post do Fórum de Numismática: http://www.forum-numismatica.com/viewtopic.php?f=5&t=51274

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