segunda-feira, 14 de junho de 2010

XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura

Desde 1954 que sob os auspícios do Conselho da Europa se têm realizado em diversas capitais da Europa exposições de arte. Estas exposições, que anteriormente se confinavam a temas de arte europeia, passaram, a partir da XVI Exposição, que se realizou em Florença, a abranger aspectos relacionados com a ciência e a cultura, tendo por finalidade realçar a herança cultural europeia e alicerçar o fundo comum da civilização que neste continente se desenvolveu ao longo da história.

Neste novo contexto se insere a XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, a inaugurar em Lisboa em 7 de Maio de 1983 e subordinada ao tema “Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento”.

Pela própria temática, esta exposição extravasa os limites do continente europeu, exemplificando a recolha e expansão mútua com influência em novos espaços extra-europeus, o que naturalmente lhe vem dar um carácter universal.

Considera por isso o Governo dever assinalar tão importante realização cultural com a emissão de 3 moedas comemorativas, em cujos reversos serão representadas faces de outras moedas ligadas a momentos dos mais significativos na epopeia de Portugal e na história da civilização: conquista dos mercados do ouro africano, assinalada pelo “meio escudo” de ouro, de Ceuta, de D. Afonso V; partida da armada de Vasco da Gama para a Índia, assinalada pelo “português” de ouro, de D. Manuel I; expansão comercial na época dos Descobrimentos, assinalada pelo “índio” de prata, de D. Manuel I.
Ano: 1983
Valor Facial: 500 escudos
Metal: prata 835 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 25 mm
Peso: 7 g +/- 5%
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 250.000
Escultor: António Trigueiros e Valente de Carvalho
Legislação: Decreto-Lei n.º 84/83, de 11 de Fevereiro

A/: É constituído na parte superior do campo central pela representação da cruz de Cristo, na parte inferior do mesmo campo pelo desenho do astrolábio, símbolo adoptado para a XVII Exposição, ficando ambas as figuras assentes sobre o desenho da esfera armilar, ladeada pela era em algarismos separados 19-83. Por baixo da esfera armilar o valor facial em algarismos. Na orla superior da moeda a legenda “República Portuguesa” e na orla inferior a legenda “Descobrimentos – Renascimento”, legendas essas separadas por dois florões.

R/: Reprodução do “meio escudo” de ouro, de Ceuta, e D. Afonso V.

Ano: 1983
Valor Facial: 750 escudos
Metal: prata 835 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 30 mm
Peso: 12,5 g +/- 5%
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 250.000
Escultor: António Trigueiros e Valente de Carvalho
Legislação: Decreto-Lei n.º 84/83, de 11 de Fevereiro

A/: É constituído na parte superior do campo central pela representação da cruz de Cristo, na parte inferior do mesmo campo pelo desenho do astrolábio, símbolo adoptado para a XVII Exposição, ficando ambas as figuras assentes sobre o desenho da esfera armilar, ladeada pela era em algarismos separados 19-83. Por baixo da esfera armilar o valor facial em algarismos. Na orla superior da moeda a legenda “República Portuguesa” e na orla inferior a legenda “Descobrimentos – Renascimento”, legendas essas separadas por dois florões.

R/: Reprodução do “índio” de prata, de D. Manuel I.

Ano: 1983
Valor Facial: 1.000 escudos
Metal: prata 835 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 34 mm
Peso: 21 g +/- 5%
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 250.000
Escultor: António Trigueiros e Valente de Carvalho
Legislação: Decreto-Lei n.º 84/83, de 11 de Fevereiro

A/: É constituído na parte superior do campo central pela representação da cruz de Cristo, na parte inferior do mesmo campo pelo desenho do astrolábio, símbolo adoptado para a XVII Exposição, ficando ambas as figuras assentes sobre o desenho da esfera armilar, ladeada pela era em algarismos separados 19-83. Por baixo da esfera armilar o valor facial em algarismos. Na orla superior da moeda a legenda “República Portuguesa” e na orla inferior a legenda “Descobrimentos – Renascimento”, legendas essas separadas por dois florões.

R/: Reprodução do “português” de ouro, de D. Manuel I

Desde 1954 que o Conselho da Europa vinha patrocinando a realização de grandes exposições de arte alusivas ao património cultural europeu. Portugal foi o país incumbido de organizar em Lisboa, em 1983, a 17.ª Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, cujo tema, "Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento", expressaria a contribuição portuguesa para a formação de uma unidade cultural europeia, assente em novas bases científicas a partir do período das grandes viagens dos Descobrimentos.

Para esse efeito foi constituído, no âmbito da Presidência do Conselho de Ministros, o Comissariado para a XVII Exposição Europeia, cuja tutela foi delegada no Ministério da Cultura e Coordenação Científica, sendo nomeado o Dr. Pedro Canavarro como Comissário-Geral.

No âmbito das suas funções de coordenador dos sectores de Numismática e Medalhística patentes em todos os cinco núcleos exposicionais, teve António Trigueiros a oportunidade de propor a emissão de uma colecção de três moedas da época dos Descobrimentos, criando-se assim uma original homenagem da moeda portuguesa contemporânea à moeda portuguesa antiga. Adicionalmente, os lucros destas amoedações poderiam financiar parte dos encargos que o Estado ia ter com a realização da Exposição.

Formalizada em Setembro de 1982, a estrutura monetária desta emissão recuperou o anterior projecto de moedas de prata com os valores de 250, 500 e 1.000 escudos previsto para o centenário de Camões, que seria mais tarde alterado para 500, 750 e 1.000 escudos, por forma a garantir um lucro confortável para o Estado.

Dos estudos económicos então realizados para o cálculo estimados dos lucros das amoedações resultou uma operação de empréstimo ao Ministério da Cultura de 265.000 contos, como adiantamento para as despesas com a exposição, autorizada por despacho de 4 de Novembro do secretário de Estado do Tesouro, Walter Marques.

Para ornamentar os reversos das três moedas foram seleccionadas algumas das mais significativas moedas dos Descobrimentos, cujo anverso seria fielmente reproduzido em desenho por Valente de Carvalho, técnico especialista em desenho gráfico da INCM e também autor da composição do anverso, e a sua modelação en escultura por Jerónimo Cabaço, chefe da secção de gravura numismática da Casa da Moeda.

Os reversos reproduzidos nas moedas são, para a de 500 escudos, o Meio Escudo de ouro de D. Afonso V, cunhado em Ceuta entre 1450 e 1457; para a de 750 escudos, o Índio de prata de D. Manuel I, cunhado em Lisboa em 1499, logo após o regresso de Vasco da Gama; e para a de 1.000 escudos, o Português de ouro de D. Manuel I, cunhado em Lisboa entre 1499 e 1502, no valor de 10 cruzados.

O interesse e empenho do Governo liderado por Francisco Pinto Balsemão, tendo como ministro da Finanças João Salgueiro, e ministro da Cultura Francisco Lucas Pires, foram factores decisivos na concretização em tempo útil desta emissão comemorativa, cuja cunhagem foi autorizada a 11 de Fevereiro (Decreto-Lei n.º 84/83), permitindo que o seu lançamento em circulação tivesse lugar a 27 de Junho.

Bibliografia
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
TRIGUEIROS, António Miguel, A Grande História do Escudo Português, 2003, Colecções Philae

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