sexta-feira, 9 de julho de 2010

Ponte Salazar

A construção da ponte sobre o Tejo, encontra-se praticamente concluída. A concretização de tão significativo empreendimento corresponde, por um lado, a antiga aspiração da capital - justificada, aliás, pelas necessidades impostas pelo seu mais rápido e amplo desenvolvimento - e simboliza, por outro, o surto de progresso económico que se estende por todo o território nacional e que só foi possível alcançar mercê da estabilidade e normalidade da vida do País durante os últimos 40 anos.

Assim, em face do significado especial do acontecimento, decidiu o Governo assinalar a inauguração da nova ponte com a cunhagem de uma  moeda de prata.
Ano: 1966
Valor Facial: 20 escudos
Metal: prata 650 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 30 mm
Peso: 10 g +/- 5 º/oo
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 2.000.000
Escultor: Marcelino Norte de Almeida sobre desenho do Arq. Jaime Martins Barata
Legislação: Decreto-Lei n.º 47.111, de de 23 de Julho de 1966

A/: "República Portuguesa" ao centro e interrompendo a legenda, uma vista da Ponte sobre o Tejo, ladeada por "Lisboa" e "Ponte Salazar". No exergo, 1966. junto ao rebordo, os nomes do autor do desenho, Martins Barata Dedl. (à esquerda) e do escultor, M. Norte Sculp. (à direita).

R/: sobre um fundo decorativo alusivo às construções metálicas, o escudo nacional, encimado por uma flor de lis, com valor de "20 escudos" na parte inferior.

A subida do preço da prata verificada desde 1964 inviabilizou a manutenção das características físicas das moedas comemorativas de 20$00 cunhadas desde 1953, bem como levou ao estudo de uma nova moeda corrente do mesmo valor, com peso e diâmetro mais reduzidos (prata de toque 650 º/oo, peso 10 g e diâmetro de 30 mm).

Depois de uma mal sucedida tentativa de se cunhar em 1965 uma moeda comemorativa do 5.º aniversário da morte de Gil Vicente e de outra proposta semelhante em 1966, para se assinalar o centenário da abolição da pena de morte em Portugal, que não teve seguimento no Ministério das Finanças, foi autorizada nesse ano uma moeda comemorativa alusiva à inauguração da Ponte Salazar sobre o Tejo, em Lisboa.

Para a nova moeda, a Casa da Moeda sugere, em Março de a966, que tenha o valor facial de 50$00, diferenciando-se, assim, da então projectada moeda corrente de 20$00.

Muito à semelhança do ocorrido em 1953, com a moeda comemorativa da Renovação Financeira, a solução adoptada doi de compromisso: enquanto não fosse autorizada a nova moeda corrente, seria cunhada uma versão comemorativa do mesmo valor.

Os desenhos para esta moeda, da autoria do Arq. Martins Barata, foram enviados à asa da Moeda pelo Gabinete da Ponte, tendo sido modelados em gesso e gravados no metal pelo pelo mestre Norte de Almeida.

Além dos 2 milhões de exemplares emitidos, foram também cunhados quatro exemplares de ouro, um dos quais destinado ao Museu Numismático Português.

Não foi uma moeda bem recebida pelo público, a quem não agradaram o seu pequeno diâmetro e peso, dando uma imagem de degradação do valor monetário dos 20 escudos, comparada com as belas moedas de 1953-1960.

Mas serviu de exemplo à Casa da Moeda, que de então em diante pugnaria pelo sistema de manter as dimensões e o peso tradicionalmente bem aceites pelo público nas amoedações comemorativas, elevando o valor facial.

Ponte Salazar

A primeira ideia sobre a construção de uma ponte que ligasse a cidade de Lisboa a Almada, situada na margem esquerda do Tejo, remonta ao ano de 1876. Naquela altura, o engenheiro Miguel Pais sugeriu que a sua construção fosse feita entre Lisboa e o Montijo.

Mais tarde, em 1888, um engenheiro norte-americano de nome Lye, propôs que a ponte fosse construída entre a zona do Chiado, no centro de Lisboa, e Almada.

No ano seguinte (1889), dois engenheiros franceses, de nome Bartissol e Seyrig, sugeriram a ligação rodoviária e ferroviária a partir da zona da Rocha Conde de Óbidos, do lado de Lisboa, a Almada. Um ano depois (1890), surgiu uma nova proposta, feita por uma empresa alemã, que propunha a ligação entre a zona do Beato, do lado de Lisboa, e o Montijo. Esta última ideia teve bastante aceitação por parte da opinião pública à época.

Já no século XX, no ano de 1913, o governo português recebeu uma sugestão para a construção de uma ponte, retomando a ligação entre a zona da Rocha Conde de Óbidos e Almada. Esta proposta foi reatada, em 1921, pelo engenheiro espanhol Alfonso Peña Boeuf, chegando o seu projecto a ser discutido no Parlamento português.

Decorria o ano de 1929, quando o engenheiro português António Belo solicitou a concessão de uma via-férrea a estabelecer sobre o rio Tejo, a partir da zona do Beato, em Lisboa, e o Montijo. Perante esta iniciativa, o então ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, acabou por nomear, no ano de 1933, uma Comissão com o fim de analisar a proposta em causa, tendo ele próprio, apresentado, em 1934, uma proposta ao Governo, de que fazia parte, para a construção de uma ponte rodo-ferroviária sobre o Tejo.

Contudo, todas estas propostas acabaram por ser preteridas em favor das obras da Ponte Marechal Carmona, em Vila Franca de Xira, aberta em 1951.

Apenas no ano de 1953 é que o Governo português criou uma comissão com o objectivo de estudar e apresentar soluções sobre a questão do tráfego ferroviário e rodoviário entre Lisboa e a margem sul do Tejo.

Finalmente, em 1958, os governantes portugueses decidiram oficialmente a construção de uma ponte. No ano seguinte, foi aberto um concurso público internacional, para que fossem apresentadas propostas para a construção. Após a apresentação de quatro propostas, o que aconteceu em 1960, a obra foi adjudicada à empresa norte-americana United States Steel Export Company, que, já em 1935, tinha apresentado um projecto para a sua construção.

A 5 de Novembro de 1962 iniciaram-se os trabalhos de construção. Menos de quatro anos após o início destes, ou seja, passados 45 meses, a ponte sobre o Tejo foi inaugurada (seis meses antes do prazo previsto), cerimónia que decorreu no dia 6 de Agosto de 1966, do lado de Almada, na presença das mais altas individualidades portuguesas, entre as quais se destacou o Presidente da República, Almirante Américo de Deus Rodrigues Tomás, o Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar e o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, passando a ser chamada Ponte Salazar (ainda que a sua designação legal se mantivesse como sendo Ponte Sobre o Tejo).

O seu custo rondou, preço à época da sua construção, o valor de dois milhões e duzentos mil contos, o que corresponde, sem ajustes à inflação, a perto de 11 milhões de euros.

Logo a seguir à Revolução de 25 de Abril de 1974, o seu nome foi mudado para Ponte 25 de Abril.

Ainda que projectada para suportar, em simultâneo, tráfego ferroviário e rodoviário, nesta fase só ficou preparada para a passagem de veículos rodoviários. Apenas em 1990, é que o Governo português procedeu à elaboração de um projecto para a instalação do tráfego ferroviário, através da montagem de um novo tabuleiro, alguns metros abaixo do tabuleiro do trânsito rodoviário, já em funcionamento. A 30 de Julho de 1999 foi inaugurada este novo tipo de travessia.

As consequências resultantes desta travessia não se fizeram esperar, desde a sua entrada em funcionamento, designadamente no que se refere à explosão urbanística que surgiu na margem esquerda do Rio Tejo, de Almada a Setúbal, estimulando, igualmente, o crescimento económico e turístico do sul de Portugal, destacando-se, neste caso, a região do Algarve.

A grandeza e a imponência da Ponte 25 de Abril está bem expressa no facto de, à data da sua inauguração, ser a quinta maior ponte suspensa do mundo e a maior fora dos Estados Unidos da América. Passados quarenta anos, após a sua inauguração, ocupa, agora, o 20º lugar, a nível mundial.

Bibliografia
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
Wikipédia, a enciclopédia livre - pt.wikipedia.org
TRIGUEIROS, António Miguel, A Grande História do Escudo Português, 2003, Colecções Philae

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