sexta-feira, 2 de julho de 2010

Renovação Financeira

Ano: 1953 (cunhada em 1954)
Valor Facial: 20 escudos
Metal: prata 800 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 34 mm
Peso: 21 g
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 1.000.000
Escultor: João da Silva
Gravador: José Rosa
Legislação: Decreto nº 39.508, de 2 de Janeiro de 1954

A/: Renovação Financeira Ressurgimento, em anel circular. Ao centro uma figura feminina centrada e virada à esquerda, folheando um livro, simbolizando "O Estudo". No exergo, junto ao rebordo de separação, o nome do escultor João da Silva.

R/: "República Portuguesa" 1953, em anel circular. Escudo nacional parcialmente sobreposto à esfera armilar, ladeado pelo valor facial 20 escudos.

Foi ainda 1928 o ano que viu a chegada de um novo ministro das Finanças, dr. António de Oliveira Salazar, cuja obra à frente daquele Ministério, seria, onze anos mais tarde, objecto de um alargado debate na Assembleia Nacional e cuja integral publicação, foi dada à estampa pela Imprensa Nacional com o título "O problema monetário português nos seus aspectos interno e externo" (1947) constitui hoje uma das principais obras de referência à situação económica nacional do pós-República.

Como remate dessa discussão parlamentar, a última moção votada e aprovada, sugeria ao ministro das Finanças a cunhagem de moeda de ouro com as efígies do chefe do Estado, general Óscar Carmona, e do presidente do Conselho, dr. Oliveira Salazar, em dupla comemoração da reconstrução financeira de Portugal e do 8º Centenário da Conquista de Lisboa aos mouros (1147/1947).

Desconhecem-se as razões por que tal amoedação nunca se efectivou; contudo, anos volvidos, ao completarem-se 25 anos da entrada de Salazar para o Governo, foi finalmente autorizada a cunhagem de moedas de prata de um valor facial que apareceu então pela primeira vez no numerário nacional (20$00) comemorativas da Renovação Financeira e do consequente "Ressurgimento" nacional, iniciados em 1928.

Tal como as moedas antecedentes, também esta merece uma análise atenta sob o ponto de vista artístico, não só por ser obra de outro grande medalhista e estatuário português, João da Silva como também por ser o único exemplo da sua espécie numismática portuguesa: uma moeda gravada de acordo com os mais tradicionais conceitos de arte da medalha, sóbria, clássica e austera nos seus traços, como austera era a figura do estadista que se pretendeu homenagear.

Contudo, os primeiros desenhos e modelos para esta terceira moeda comemorativa republicana, são da autoria do escultor residente da Casa da Moeda, Norte de Almeida.

Mas como o seu anverso seria também utilizado nas moedas de prata correntes de 10$00 do novo tipo de liga adoptada em 1953, foi consultado o seu autor, João da Silva, que não só não concordou com os esboços delineados por Norte de Almeida, como também conseguiu do ministro das Finanças que fosse encarregado da modelação da nova moeda comemorativa.

Os ensaios desta moeda existentes no Museu Numismático Português são a prova visível da polémica que então houve entre os dois artistas: a figura simbólica do Estado, de Norte de Almeida, é bem diferente da que seria adoptada nas moedas de 20$00 de 1953, cunhadas em 1954.

Como apontamento importante para a história desta moeda comemorativa, deve-se referir o facto a nova composição do anverso, que também serviu para os 10$00 (escudo das Armas Nacionais parcialmente sobreposto sobre a esfera armilar, ladeado pelo valor) mereceu fortes críticas por parte do Instituto Português de Heráldica, não só pela inestética posição do escudo, mas também porque na sua bordadura figuravam torres e não castelos, um erro comum nas moedas modeladas por João da Silva, e que ainda hoje é frequente observar em inúmeras bandeiras nacionais de fabrico particular.

Neste caso, contudo, a observação ainda foi a tempo de o escultor corrigir os gessos das moedas, cujo lançamento em circulação teve lugar a 26 de Abril, véspera do aniversário da entrada de Oliveira Salazar para o Governo.

Foram cunhados três exemplares em ouro, oferecidos ao Presidente da República e ao Presidente do Conselho de Ministros, sendo o terceiro depositado no Museu Numismático.

Bibliografia
TRIGUEIROS, António Miguel, A Grande História do Escudo Português, 2003, Colecções Philae
TRIGUEIROS, António Miguel, "Moedas Comemorativas de Portugal" in Revista Petrovisão nº 28 - Janeiro 1985

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