segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pedro Álvares Cabral


Série: X Série dos Descobrimentos Portugueses - O Mundo Novo, Brasil
Ano: 1999
Valor facial: 200 escudos
Metal: cuproníquel 75/25
Acabamento: normal
Diâmetro: 36 mm
Peso: 21 g +/- 1,5%
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 500.000
Escultor: Isabel Carriço e Fernando Branco
Legislação: Decreto-Lei n.º 313/99, de 11 de Agosto

A/: figuram 11 navios, o escudo nacional, a legenda «REPÚBLICA PORTUGUESA», a data «1999» e o valor facial de 200$.

R/: o perfil de Pedro Álvares Cabral, em fundo um recorte da costa do Brasil representando o local do desembarque da Armada—PORTO SEGURO—, assinalado pela respectiva legenda e uma âncora. Em exergo, as legendas «PEDRO ÁLVARES CABRAL» e, em baixo, «BRASIL 1500».

Pedro Álvares Cabral (Belmonte, 1467 ou 1468 — Santarém, 1520 ou 1526) foi um fidalgo e navegador português, comandante da segunda viagem marítima da Europa à Índia, viagem em que se descobriu o Brasil, a 22 de Abril de 1500.

A genealogia e a origem do nome “Cabral” perdem-se nas brumas da história portuguesa. O Visconde de Sanchez de Baêna escreveu: “A família Cabral demarca a sua existência desde tempos imemoráveis... Nenhuma outra a sobrepuja em sólida antiguidade de nobreza, e feitos de edificante e variada lição. O seu aparecimento, embora a princípio não se possa coordenar numa série genealógica, que nos leve, indivíduo por indivíduo, a estabelecer a sua continuidade desde os primeiros tempos da monarquia, remonta-se todavia bem longe, vendo nós brilhar de espaço a espaço nas lutas de Portugal nascente, alguns indivíduos do apelido Cabral”.

Pedro Álvares Cabral descendia de uma família nobre, dedicada aos reis portugueses. Desde 1245, os Cabral viviam em Belmonte, na Beira Baixa (Portugal). Os seus biógrafos remontam o seu título de nobreza a seu trisavô, Álvaro Gil Cabral, alcaide-mor do Castelo da Guarda sob os reis D. Fernando (1367-1383) e D. João I (1385-1433), da dinastia de Avis, que participou da Batalha de Aljubarrota, em 1385 contra os castelhanos onde Portugal defendeu a sua independência. Recebeu por mercê as alcaidarias dos castelos da Guarda e Belmonte, com transmissão à descendência. Esses domínios, lindeiros à Espanha, eram terras de pastorícia, origem dos símbolos das cabras passantes do escudo de armas da família Cabral.

Seu bisavô, Luís Álvares Cabral, primeiro governador de Belmonte, também era um exemplo de bravura. Lutou em Aljubarrota e participou da tomada da cidade africana de Ceuta, em 1415. Seu avô, Fernão Álvares Cabral, exerceu as funções de guarda-mor do Infante D. Henrique, o fundador da Escola de Sagres. Morreu por ele ao colocar-se entre o príncipe e a espada de um mouro. Em agradecimento, a família recebeu mais terras em Belmonte.

Pedro Álvares nasceu em 1467 ou 1468. Foi o terceiro filho de Fernão Cabral, governador da Beira e alcaide-mor de Belmonte, e de Isabel de Gouveia de Queirós. O pai do descobridor do Brasil possuía o apelido de "Gigante", pois media 1,90 m. Também lutou contra os espanhóis e foi recompensado com terras e dinheiro. Cabral teria herdado do pai estatura semelhante, muito acima da média dos homens da época.

O seu nome original seria Pedro Álvares Gouveia, pois geralmente apenas o primogénito herdava o sobrenome paterno. Posteriormente, com a morte do irmão mais velho, teria passado a usar o nome Pedro Álvares Cabral, uma vez que, a 15 de Fevereiro de 1500 — quando recebeu de D. Manuel I (1495-1521) a carta de nomeação para capitão-mor da armada que partiria para a Índia —, já usava o sobrenome paterno.

Aos onze anos de idade, Pedro mudou-se para o Seixal (onde ainda hoje existe a Quinta do Cabral), vindo a estudar em Lisboa Literatura, História e Ciência (como, por exemplo, Cosmografia), além de artes militares. Na Corte de D. João II (1481-1495), onde entrou como moço fidalgo, aperfeiçoou-se em cosmografia e marinharia. Com a subida ao trono de D. Manuel I (1495-1521) foi agraciado com o foro de fidalgo do Conselho do Rei, o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo e uma tença (pensão anual em dinheiro).

Em 1499, foi nomeado pelo soberano como capitão-mor da armada que se dirigiria à Índia após o retorno de Vasco da Gama. Teria então cerca de trinta e dois anos de idade. A missão oficial de Cabral era a de estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o Samorim, reerguendo a imagem de Portugal após a apresentação do Gama, e instalando um entreposto comercial ou feitoria, retornando com o máximo de mercadorias. Entretanto, há a hipótese de que, secretamente, Cabral teria também recebido a incumbência de oficializar a posse portuguesa de terras que teriam sido descobertas anteriormente, o Brasil.

A sua foi a mais bem equipada armada do século XV, integrada por dez naus e três caravelas, transportando de 1.200 a 1.500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. Era integrada por navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, tendo partido de Lisboa a 9 de Março de 1500, após missa solene na ermida do Restelo, à qual compareceu o Rei e toda a Corte. A 22 de Abril de 1500, após 43 dias de viagem, tendo-se afastado da costa africana, avistou o Monte

Pascoal no litoral sul da Bahia. No dia seguinte, houve o contacto inicial com os indígenas. A 24 de Abril, seguiu ao longo do litoral para o norte em busca de abrigo, fundeando na actual baía de Santa Cruz Cabrália, nos arredores de Porto Seguro, onde permaneceu até 2 de Maio. A primeira missa no Brasil foi celebrada pelo frade Henrique de Coimbra no dia 26 de Abril de 1500, domingo de Páscoa.

Cabral tomou posse, em nome da Coroa portuguesa, da nova terra, a qual denominou de "Ilha de Vera Cruz", e enviou uma das embarcações menores com a notícia, inclusive a Carta de Pêro Vaz de Caminha87, de volta ao reino. Retomou então a rota de Vasco da Gama rumo às Índias. Ao cruzar o Cabo da Boa Esperança, quatro dos seus navios perderam-se, entre os quais, ironicamente, o de Bartolomeu Dias, navegador que o descobrira em 1488.

Existe uma discussão entre os historiadores a respeito da intencionalidade ou não da chegada de Cabral ao território brasileiro, não existindo evidências concretas a sustentar qualquer das hipóteses, embora hoje seja praticamente certo que Portugal possuía conhecimento prévio sobre a existência de enormes massas de terra além-mar. Existem sugestões da chegada e exploração do continente americano por navegantes portugueses desde muito antes de sua descoberta oficial.

Entretanto, como essas expedições eram tratadas com o máximo sigilo pela coroa portuguesa em razão da rivalidade marítima com a Espanha, a documentação existente é escassa e certamente muitos documentos ainda estão perdidos ou arquivados há séculos, talvez mesmo secretamente. Certo é, no entanto, que por esta data já se tinha, na Europa, o conhecimento da existência de terras a leste da linha do Tratado de Tordesilhas.

A Armada chegou a Calecut a 13 de Setembro de 1500, após escalas no litoral leste africano. Cabral assinou o primeiro acordo comercial entre Portugal e um potentado na Índia. Uma feitoria foi instalada mas teve efémera duração: atacada pelos Muçulmanos em 16 de Dezembro desse mesmo ano, nela pereceram cerca de trinta portugueses, entre os quais o seu escrivão, Pêro Vaz de Caminha.

Após bombardear Calecut e apresar embarcações árabes, Cabral seguiu para Cochim e Cananor, onde carregou as naus com especiarias e produtos locais e retornou à Europa. Cabral chegou a Lisboa a 31 de Julho de 1501, sendo aclamado como herói, não obstante o facto de, das treze embarcações, terem regressado apenas quatro.

Convidado pelo soberano para comandar a nova expedição ao Oriente em 1502, Cabral desentendeu-se com o monarca acerca do comando da expedição: tendo recusado a missão, veio a ser substituído por Vasco da Gama. Em desgraça perante o soberano, não recebeu mais nenhuma missão oficial até ao fim da vida.

Em 1503 desposou D. Isabel de Castro (1470?-1540?), sobrinha de Afonso de Albuquerque, deixando descendência. Em 1518 era cavaleiro do Conselho Real. Foi ainda senhor de Belmonte e alcaide-mor de Azurara.

Cabral viveu em Santarém depois de ter recusado a capitania da armada que em 1502 partiu para a Índia. Desde então, não voltou a prestar qualquer serviço à coroa. Nem a carta de Afonso de Albuquerque de 1514 levou o rei a conceder-lhe nenhuma missão, apesar de reconhecer o seu valor e manter sua vultosa tença de 200.000 reais por ano. O descobridor do Brasil, juntamente com a sua esposa, viveu seus últimos anos de forma discreta em sua casa, na qual terá falecido em 1520, situada junto da Igreja da Graça, onde foi sepultado. Este é o ano mais provável de sua morte, baseando-se em duas cartas de D. Manuel I, O Venturoso, datadas de 3 de Novembro de 1520.

Nelas, declarava-se que, em atenção aos muitos serviços prestados pelo falecido Pedro Álvares Cabral, a partir "do primeiro dia de Janeiro da era de quinhentos e vinte e um em diante" deveriam ser pagas à sua viúva D. Isabel de Castro tenças anuais, no montante de 30.000 reais, e ao seu filho mais novo António Cabral, no montante de 20.000 reais. O fato de tais tenças, que serviam de pensão, serem pagas apenas a partir de 1521, revela que o falecimento ocorreu em 1520.

Além de António Cabral, que morreu sem sucessores, deixou mais cinco descendentes, tendo sido o filho primogénito Fernão de Álvares Cabral, que foi um fidalgo da confiança de D. João III. A última acção importante de Fernão foi o comando da armada para a Índia em 1553. Em 1554, durante a viagem de regresso a Portugal, a nau de que era capitão, a São Bento, naufragou nas costas da actual África do Sul, vindo ele a falecer em 2 de Junho desse mesmo ano, em Moçambique.

Cabral teve ainda quatro filhas. D. Constança de Castro era a mais velha, que se casou com Nuno Furtado de Mendonça, do qual não teve filhos. As outras três filhas chamaram-se D. Guiomar de Castro, D. Isabel e D. Leonor e tornaram-se freiras. Pedro Álvares Cabral faleceu esquecido. Sua sepultura esteve perdida durante os séculos XVII e XVIII, tendo sido localizada em 1839 pelo historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro.

Cabral é lembrado pelos brasileiros como aquele que descobriu o Brasil, sendo homenageado anualmente, a 22 de Abril. Foi-lhe erguido um monumento em 1940 na cidade do Rio de Janeiro, obra de Rodolfo Bernardelli. A cidade de Belo Horizonte homenageou-o, dando-lhe o nome a uma das suas principais vias, a Avenida Álvares Cabral.

Na cidade de São Paulo existe a Avenida Pedro Álvares Cabral. Inúmeras cidades também deram o seu nome a diversas vias e logradouros públicos. Em Portugal, também lhe foi erguido um monumento em Lisboa, na avenida que recebeu o seu nome, na freguesia de Santa Isabel. Esta estátua foi inaugurada em 1941 com honras militares, estando presentes representantes da Marinha, da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa.

O monumento é uma réplica do existente no Rio de Janeiro, e foi oferecido ao governo português pelo governo brasileiro. Do mesmo modo, a sua terra natal homenageou-o com uma estátua, assim como a cidade onde está sepultado, Santarém. Em 14 de Março de 1903 parte de seus restos mortais foram transladados para o Brasil, tendo sido depositados em um jazigo na Antiga Sé no Rio de Janeiro.

Bibliografia
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
Wikipédia, a enciclopédia livre - pt.wikipedia.org

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