quarta-feira, 6 de abril de 2011

25.000$00 ouro do Infante D. Henrique

Em 1993, por ocasião do planeamento das actividades das comemorações do 6.º centenário do nascimento do Infante D. Henrique, surgiu a ideia de se homenagear de forma singular uma figura carismática da história de Portugal, pela cunhagem de uma moeda de ouro de curso legal e distribuição pública pelo valor facial. A concretizar-se, esta moeda seria a primeira moeda de ouro corrente a ser emitida desde 1911.


Após a aprovação pelo Governo do plano anual de moedas comemorativas para 1994, o projecto de uma moeda de ouro com o valor facial de 25.000 escudos começou a tomar forma e corpo numismático.

Dos desenhos seleccionados, da autoria da escultora Clara Menéres, surgiram as esculturas em gesso e os primeiros ensaios de cunho, revelando uma moeda de rara beleza plástica, com um notável retrato do Infante à maneira renascentista, realista e humanista.

No decurso do processo de apreciação pelo Governo do projecto de diploma a autorizar esta amoedação, o Banco de Portugal auscultou as instituições de crédito nacionais, distribuidoras ao público das moedas metálicas correntes, recebendo intenções de reserva de 20.000 exemplares, com o valor de 500.000 contos (equivalente ao volume de emissão de uma moeda de prata de 1.000 escudos).

Quando tudo parecia normalmente encaminhado, o banco central mudou de opinião, retirando o seu acordo à emissão desta moeda como espécie corrente, não se opondo, contudo, antes sugerindo ao Governo que a mesma fosse emitida como espécime numismático sem curso legal, evitando-se, assim, que pudesse ser utilizada como meio de pagamento.

Não sendo prática em Portugal a cunhagem de moedas sem curso legal - que iria contra toda a legislação monetária em vigor -, a falta de acordo entre o Estado e o Banco de Portugal inviabilizou a cunhagem desta moeda.

Faltaram nesta ocasião ao Banco de Portugal uma maior capacidade de inovação, um sentir que se iria fazer história com a emissão desta moeda, precisamente essas capacidade e vomtade de ir mais longe, de procurar novos rumos, novos produtos e novos mercados, que tornaram possível realizar a saga dos Descobrimentos Portugueses.

Mas a História também é feita daquilo que não se fez, podendo ter sido feito, ficando este ensaio como testemunho da última tentativa de se ter em Portugal um Escudo de ouro republicano.


TRIGUEIROS, António Miguel, A Grande História do Escudo Português, Colecções Philae, 2003, pp. 308-309

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