quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Fado

Série: Europa
Data de Lançamento: Maio de 2008
Valor Facial: 2,5 €
Metal: Cuproníquel 75/25
Acabamento: Normal
Diâmetro: 28 mm
Peso: 10 g +/- 3%
Bordo: Zonas alternadamente planas e serrilhadas
Eixo: vertical
Tiragem: 150.000
Escultor: Vitor Santos
Legislação: Resolução do Conselho de Ministros n.º 64/2008, de 20 de Março e Aviso do Banco de Portugal n.º 15.677/2008, de 20 de Maio

A/: Apresenta, no campo central direito, uma guitarra portuguesa figurando na boca da mesma o escudo nacional, na orla superior esquerda da moeda evidenciam-se as legendas «2008», o logótipo da série «Europa» e «República Portuguesa» e, no campo lateral superior direito, está inscrito o valor facial.

R/: Apresentam-se, no campo central esquerdo, como elementos de fundo dois arcos, donde emerge a figura da fadista Amália Rodrigues, acompanhada, no campo central inferior, da cabeça do braço de uma guitarra, na vertical, evidencia -se a legenda «O Fado» e, na orla superior direita, situa -se a legenda «Património Cultural».

O Fado

Um dos símbolos maiores da cultura portuguesa e conhecido em todo o mundo, o Fado já merecia uma moeda assim. Associado quase sempre ao nome de Amália Rodrigues, verdadeira embaixadora deste género musical, o Fado tem hoje novos valores que continuam a projectar o fado internacionalmente. Sentimental e lírico, o Fado representa um estilo de música inigualável.

O Fado é um estilo musical português. Geralmente é cantado por uma só pessoa (fadista) e acompanhado por guitarra clássica (nos meios fadistas denominada viola) e guitarra portuguesa.

A palavra fado vem do latim fatum, ou seja, "destino", é a mesma palavra que deu origem às palavras fada, fadario, e "correr o fado".

Uma explicação popular para a origem do fado de Lisboa remete para os cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa após a reconquista Cristã. A dolência e a melancolia, tão comuns no Fado, teriam sido herdadas daqueles cantos. No entanto, tal explicação é ingénua de uma perspectiva etnomusicológica. Não existem registos do fado até ao início do século XIX, nem era conhecido no Algarve, último reduto dos árabes em Portugal, nem na Andaluzia onde os árabes permaneceram até aos finais do século XV.

Numa outra teoria, a origem do fado parece despontar da imensa popularidade nos séculos XVIII e XIX da Modinha, e da sua síntese popular com outros géneros afins, como o Lundu, no então rico caldo de culturas presentes em Lisboa, tendo como resultado a extraordinária canção urbana conhecida como "fado".

No entanto o fado só passou a ser conhecido depois de 1840, nas ruas de Lisboa. Nessa época só o fado do marinheiro era conhecido, e era, tal como as cantigas de levantar ferro as cantigas das fainas, ou a cantiga do degredado, cantado pelos marinheiros na proa do navio. O fado mais antigo é o fado do marinheiro, e é este fado que vai se tornar o modelo de todos os outros géneros de fado que mais tarde surgiriam como o fado corrido que surgiu a seguir e depois deste o fado da cotovia.

E com o fado surgiram os fadistas, com os seus modos característicos de se vestirem, as suas atitudes não convencionais, desafiadoras por vezes, que se viam em frequentes contendas com grupos rivais. Um fadista, ou faia, de 1840 seria reconhecido pela sua maneira de trajar:

" Usava boné de oleado com tampo largo, e pala de polimento, ou boné direito do feitio dos guardas municipais, com fita preta formando laço ao lado e pala de polimento;jaqueta de ganga ou jaqueta com alamares."

" O seu penteado[]consistia em trazer o cabelo cortado de meia cabeça para trás, mas comprido para diante, de maneira que formasse melenas ou belezas, empastadas sobre a testa."

Na primeira metade do século XX, já em Portugal, o fado foi adquirindo grande riqueza melódica e complexidade rítmica, tornando-se mais literário e mais artístico. Os versos populares são substituídos por versos elaborados e começam a ouvir-se as décimas, as quintilhas, as sextilhas, os alexandrinos e os decassílabos.

Durante as décadas de 30 e 40, o cinema, o teatro e a rádio vão projectar esta canção para o grande público, tornando-a de alguma forma mais comercial. A figura do fadista nasce como artista. Esta foi a época de ouro do fado onde os tocadores, cantadores saem das vielas e recantos escondidos para brilharem nos palcos do teatro, nas luzes do cinema, para serem ouvidos na rádio ou em discos.

Surgem então as Casas de Fado e com elas o lançamento do artista de fado profissional. Para se poder cantar nestas Casas era necessário carteira profissional e um repertório visado pela Comissão de Censura, bem como, um estilo próprio e boa aparência. As casas proporcionavam também um ambiente de convívio e o aparecimento de letristas, compositores e intérpretes.

Já em meados do século XIX o fado iniciou sua conquista pelo mundo, tornando-se muito famoso também fora de Portugal.

Os artistas que cantam o fado trajavam de negro. É no silêncio da noite, com o mistério que a envolve, que se deve ouvir, com uma "alma que sabe escutar", esta canção, que nos fala de sentimentos profundos da alma portuguesa. É este o fado que faz chorar as guitarras…

O fadista canta o sofrimento, a saudade de tempos passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o destino, a dor, amor e ciúme, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as misérias da vida, critica a sociedade…

Bibliografia
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
Wikipédia - pt.wikipedia.org

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