quinta-feira, 25 de março de 2010

Centenário da Guerra Peninsular


Ano: 1910
Acabamento: Normal
Valor facial: 500 réis
Metal: prata 835
Diâmetro: 31 mm
Peso: 12,5 g
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Gravador: Venâncio Alves
Tiragem: 200.000
Legislação: 13 de Agosto de 1908

A/: EMANVEL • II • PORTVG: ET • ALGARB: REX - Busto do rei voltado à esquerda, tendo por baixo o ano 1910 entre duas estrelas.

R/: CENTENÁRIO DA GUERRA PENINSULAR - Escudo do reino sobre uma couraça, encimada pela coroa real tendo por cima as datas 1808 1814. Entre a couraça e o escudo tem um leão à direita e por detrás uma lança com bandeira e uma espingarda com baioneta cruzadas e uma peça de artilharia, por baixo, junto à couraça, dois ramos de carvalho e louro e no exergo, entre dois florões 500 REIS.

Ano: 1910
Acabamento: Normal
Valor facial: 1000 réis
Metal: prata 835
Diâmetro: 37 mm
Peso: 25 g
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Gravador: Venâncio Alves
Tiragem: 200.000
Legislação: 13 de Agosto de 1908

A/: EMANVEL • II • PORTVG: ET • ALGARB: REX - Busto do rei voltado à esquerda, tendo por baixo o ano 1910 entre duas estrelas.

R/: CENTENÁRIO DA GUERRA PENINSULAR - Escudo do reino sobre uma couraça, encimada pela coroa real tendo por cima as datas 1808 1814. Entre a couraça e o escudo tem um leão à direita e por detrás uma lança com bandeira e uma espingarda com baioneta cruzadas e uma peça de artilharia, por baixo, junto à couraça, dois ramos de carvalho e louro e no exergo, entre dois florões 1000 REIS.

As comemorações do 1º Centenário da Guerra Peninsular (1808-1814), organizadas por deliberação do próprio Governo, tiveram lugar desde 1908 em vários pontos do País, principalmente nos locais das principais confrontações armadas. Em 1910, ano das comemorações da Batalha do Buçaco, realizaram-se imponentes festejos, com simulação da batalha e que deu origem à actual tradição das cerimónias evocativas no próprio terreno da refrega.

Por essa altura foram emitidas duas moedas comemorativas de prata, de 1000 e 500 réis, cujos proveitos líquidos foram aplicados, como em 1898, a custear as despesas com aquela solenização.

De escultura um tanto pesada, mas excepcionalmente gravadas, constituem a mais rara e apreciada colecção de moedas deste reinado.

Guerra Peninsular

A chamada Guerra Peninsular sucedeu no início do século XIX, na Península Ibérica, integrando o evento mais amplo das Guerras Napoleónicas. Envolveu Portugal, Espanha, Grã-Bretanha e França, com repercussões além da Europa, na independência da América Latina.

A partir da ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder (1799), a Espanha alia-se à França para, por meio da invasão e da divisão de Portugal entre estes, atingir indirectamente os interesses comerciais do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda.

Em 27 de Outubro de 1807 Napoleão assina o Tratado de Fontainebleau com a Espanha, no que parecia ser o projecto de uma repartição do território português em três novas unidades políticas:

- Lusitânia Setentrional – território entre o rio Minho e o rio Douro, um principado a ser governado pelo soberano do extinto reino da Etrúria (então Maria Luísa, filha de Carlos IV de Espanha);
- Algarves – região compreendida ao sul do Tejo, a ser governada por Manuel de Godoy, o Príncipe da Paz, primeiro-ministro de Carlos IV, com o título de rei; e
- Resto de Portugal – território circunscrito entre o rio Douro e o rio Tejo, região estratégica pelos seus portos, a ser administrada directamente pela França até à paz geral.

Tornando aparente à Espanha querer cumprir o Tratado de Fontainebleau, Napoleão ordena a invasão de Portugal, iniciando o que se denomina por Guerra Peninsular (1807–1814), cuja primeira parte é conhecida como invasões francesas a Portugal.

A primeira Invasão, iniciada em Novembro de 1807 e comandada por Andoche Junot, resultou na decisão de retirada do Príncipe Regente D. João VI e de toda a família real para o Brasil, tendo as forças luso-britânicas no entanto derrotado as tropas francesas em Vimeiro, em Agosto de 1808.

A segunda invasão francesa começou em Fevereiro de 1809 sob o comando do marechal Soult, duque da Dalmácia. Os Franceses entraram em Portugal por Trás-os-Montes, conquistando todo o Norte, até ao rio Douro. Soult acariciou o sonho de se fazer rei da «Lusitânia Setentrional», mas as suas forças não conseguiram enfrentar a pressão anglo-portuguesa, que o obrigou a retirar de novo para Espanha, em Maio de 1809.

No Outono do mesmo ano, e prevendo novo ataque francês, Lord Wellington organizou a defesa de Lisboa. Fez cercar a capital por três linhas fortificadas, a mais distante das quais afastada uns 40 km (linhas de Torres Vedras), o que a tornou praticamente inexpugnável.

Na verdade, quando o marechal Masséna, à testa de um forte exército onde participavam alguns generais franceses famosos, tais como Ney, invadiu Portugal (Julho de 1810), foi forçado a deter-se nas linhas de Torres, após ter já sofrido uma primeira derrota no Buçaco que o não impedira de prosseguir no avanço.

Os dois exércitos observaram-se um ao outro durante cinco meses, Masséna à espera de reforços, Wellington à espera da fadiga geral do inimigo. Nos começos de Março de 1811, cansados de esperar e abatidos no moral, os Franceses iniciaram a retirada. Wellington seguiu-os de perto, derrotou-os de novo em Redinha e obrigou-os a passar a fronteira em Outubro.

Em Espanha, o exército inglês, com alguns contingentes portugueses, e ajudado pelos Espanhóis, continuou a empurrar os Franceses à sua frente, até Toulouse (Primavera de 1814). Além de restaurar a plena independência e integridade de Portugal, o congresso de Viena (1814-15) restituiu Olivença aos Portugueses, facto que a Espanha se recusou a aceitar.

Bibliografia
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
TRIGUEIROS, António Miguel, "Moedas Comemorativas de Portugal" in Revista Petrovisão n.º 26 - Junho 1984
Wikipédia - pt.wikipedia.org

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4 comentários:

  1. São moedas muito bonitas e estão soberbamente contextualizadas.

    Só aponto dois pequenos lapsos: tanto nesta série, como na do 4º Centenário, o José descreve as efígies estão à esquerda, não à direita.

    E no lugar de exergo está "enxergo".

    Mas mais uma vez, parabéns pelo trabalho.

    MC

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  2. Caro MC

    Relativamente à primeira questão sigo as indicações José Leite de Vasconcelos in Archeologo Português - Nomenclatura Numismática. "Um busto pode estar voltado para a sua direita, por exemplo, nos torneses de D. Fernando I, para a sua esquerda, por exemplo, nas moedas de ouro de D. João V ..." Deste modo, a forma como está descrito nas moedas está correcta.

    Quanto à segunda questão, de facto a palavra está errada, mas já corrigi. Agradeço o comentário e a chamada de atenção.

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  3. Viva,

    reforço o comentário de apoio e os parabéns pela qualidade e também beleza do seu trabalho.

    Não querendo ser aborrecido, mas D. Manuel está à esquerda e não à direita.

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  4. O que lhe posso reafirmar é que, se nos colocar-mos na posição de D. Manuel II, estaremos a olhar para a direita e não para a esquerda. É essa a posição a que nos devemos referir quando descrevemos a posição da efígie. Penso que a descrição do Mestre é suficientemente explicita.

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