terça-feira, 23 de março de 2010

Conceição

Depois que o felissimo Rey D. João IV. fez tributario o Reino de Portugal à Conceição da Senhora em cincoenta cruzados de ouro cada anno, applicados para a sua Real Capella de Vila Viçosa, jurando, e tomando neste Mysterio a Senhora por Protectora do Reino em Cortes do anno de 1646 tratou logo de lhe pagar o tributo em moeda especial, e para isso mandou abrir a França hum cunho da fórma, que temos dito, o qual trouxe, e fez António Ruiter, a quem se deu tres mil reis, que dispendeo com a abertura do ferro.



Conceição – Prata – 1648

Imagem: SALGADO, Javier Sáez, História da Moeda em Portugal, 2002, Numisma


A/: IOANNES.IIII.D.G.PORTVGALIÆ.ET.ALGARBIÆ.REX (João III pela Graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves) – Ao centro, as armas do Reino coroadas assentes sobre a Cruz de Cristo.

R/: REGNI TVTELARIS (Protectora do Reino) – Ao centro, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, aureolada de estrelas, de pé, sobre o globo, em volta do qual se enrosca uma serpente, tendo, por baixo, a data. Aos lados vêem-se, à esquerda, o Sol, a Casa do Ouro e o Horto e, à direita o Espelho, a Arca do Santuário e a Fonte Selada.

A simbologia da Conceição
Coroa a imagem da Virgem um conjunto de sete estrelas. O número 7 é o número da vida, da união de Deus com a matéria (3+4), significados que aproveitam à noção da Virgem Maria. Com efeito, por Ele vem a vida, e Ela própria é a manifestação da união de Deus com a matéria, a natureza. Por outro lado o número 7 indica os graus da iniciação Mariana, traduzida pelas 7 Dores da Virgem. A Virgem significa a possibilidade criadora e regeneradora. É a Natura (Natureza), aquela que haveria de nascer (pois sem Ela Cristo não poderia encarnar) e dar nascimento. De mãos postas indica a alquimia divina de Ora et Labora (reza e trabalha), tão bem aproveitada pela Ordem Dominicana. Olha para a direita, para o lado favorável, do Bem, da Divindade. Está de pé – existe – que significa manter-se a partir de, que está em si.

Os seus pés pisam a Lua, o símbolo por excelência da mulher, desde tempos Neoliticos. A Lua assenta sobre o mundo rodeado pela serpente, cujo corpo dá um nó. A serpente foi identificada ao dragão, simbolizando biblicamente o mal. Mas aqui a Virgem não pisa a sua cabeça. Tal facto referencia outros sentidos.

Designa o Ouroboros, a serpente que morde a cauda, simbolo da lei do eterno retorno, de tudo aquilo que está em constante recriação. É a lei da natureza física; por isso aparece enrolada no globo, que quer exprimir e esfera terrestre. A serpente é o símbolo das iniciações maiores e do caminho para as conseguir. Ao pisar a cabeça da serpente, a Virgem quebrou a Lei do Eterno Retorno para transformar o circulo em espiral. No entanto, nesta moeda, a Virgem não pisa a serpente, a Lua separa a Virgem do Mundo; a iniciação superior, da inferior, o espírito da matéria. Nesta moeda a serpente é o símbolo da Imaculada Conceição, alusivo à redenção do pecado original operada em Maria por especial previlégio na sua concepção.

Rodeiam a figura da Virgem seis figurações, que correspondem a invocações de ladainhas da Virgem. Não existe uma relação simples; com efeito, alguns dos símbolos utilizados podem referir-se a várias invocações.

O Sol designa a Divindade e a Criação (Santa Mãe de Deus; Mãe do Criador).

O espelho designa o Espelho de Justiça. Na concepção tradicional a mulher simbolizada pela Lua, é o espelho do Sol.

O templo é a sede de Sabedoria. A Virgem Maria representa a visibilidade do Feminino Divino. Domus Aurea (casa de ouro).

A Arca de Noé significa a Arca da Aliança. A Virgem exprime o momento da aliança real de Deus com o Homem, a matéria, a natureza. Segundo a Biblia, a Arca de Noé conservou a natureza.

O serrado é o Refugio dos Pecadores. Neste jardim fechado (também chamado de Horto), símbolo do Éden, os pecadores encontram o seu estado primeiro, quando o Homem vivia em total contacto com Deus.

A fonte é a Saúde dos Enfermos. Repete-se com as devidas variações o sentido anterior. Fonte Selada.

O número seis indica recorrentemente a união do Criador com a Criatura, a harmonia dos opostos através de um eixo central (a própria Virgem), o Coração, a Beleza, a Vida, o Sol. Relaciona-se com a diversificação, a multiplicação, a reintegração e a unificação – tudo funções afirmadas pela ladainha da Virgem. A moeda coloca deste modo, o conhecimento das duas iniciações. O Reino (de Portugal) só poderá ser tutelado pela iniciação superior e não pela iniciação inferior. Por esta, estará sujeita a todas as contingências históricas, normalmente adversas; por aquela, surge a garantia de vencer as contingências terrestres.

A moeda
Conceição foi o nome pelo qual ficou conhecido este numisma. Estas moedas foram lavradas em ouro e prata. As de ouro, datadas de 1648, tinham um toque de 916,6 milésimas, valiam 12.000 réis e pesavam 43,03 g. Não é conhecido nenhum exemplar em ouro. As de prata, com 916,6 milésimas, valiam 600 réis, têm 42 mm de diâmetro e pesam 28,68 g.

Esta moeda marca também uma tentativa de melhoramento dos processos na arte de amoedação. Com efeito, essas moedas foram as únicas que se bateram com o novo engenho que acabava de chegar a Portugal em 1649, sobressaindo por isso notavelmente, o seu aspecto entre as demais correntes ao tempo e batidas pelo velho processo do martelo.

A sua origem
Depois que o felissimo Rey D. João IV. fez tributario o Reino de Portugal à Conceição da Senhora em cincoenta cruzados de ouro cada anno, applicados para a sua Real Capella de Vila Viçosa, jurando, e tomando neste Mysterio a Senhora por Protectora do Reino em Cortes do anno de 1646 tratou logo de lhe pagar o tributo em moeda especial, e para isso mandou abrir a França hum cunho da fórma, que temos dito, o qual trouxe, e fez António Ruiter, a quem se deu tres mil reis, que dispendeo com a abertura do ferro

ElRey D. Affonso VI. continuou também a mandar lavrar as sobreditas moedas em todo o tempo do seu governo, e da mesma sorte ElRey D.Pedro II. e nesta moeda se fazia a offerta de vinte e quatro mil reis no dia da festa da Conceição, em cujo dia trazem pendente ao pescoço os tres Officiaes, que administrão a Casa da Senhora, huma das taes moedas. No anno porém de 1685 teve fim a fabrica destas moedas, porque desde então nunca mais se lavrarão, entregando-se os referidos vinte e quatro mil reis em outra qualquer moeda para a despesa da festa de Villa Viçosa.


Proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal
Nas Cortes de Lisboa de 1645-1646, em 25 de Março de 1646 declarou El-Rei D. João IV que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

D. João IV não foi o primeiro monarca português que colocou o reino sob a protecção da Virgem Maria, apenas tornou permanente uma devoção a que os reis portugueses recorriam em momentos críticos para o reino.

Frei João de S. Bernardo recordou no acto da coroação do Rei, que já D. João I construíra o Mosteiro da Batalha e D. Nuno Álvares Pereira erigira o Convento do Carmo e os Infantes D. Fernando e D. Beatriz fundaram em Beja, o Mosteiro da Conceição, com o voto sublime de invocação à Virgem Santíssima, Nª Sª da Conceição.

Foi por provisão de 25 de Março do referido ano de 1646 que se mandou tomar por padroeira do reino Nossa Senhora da Conceição. Comemorando este facto cunharam-se umas medalhas de ouro de 22 quilates, com o peso de 12 oitavas, e outras semelhantes mas de prata, com o peso de uma onça, as quais foram depois admitidas por lei como moedas correntes, as de ouro por 12.000 réis e as de prata por 600 réis.

A partir dessa data mais nenhum rei português usou coroa na cabeça, por se considerar que só a virgem tinha esse direito. Nos quadros onde aparecem reis ou rainhas a coroa está pousada ao lado sobre uma mesa, num tamborete ou almofada de cetim.

A provisão régia já se reportava a um voto feito por D. Afonso Henriques, cinco séculos antes, lembrando o rei D. João IV às Cortes do Reino “ (...) considerando que o senhor Rei D. Afonso Henriques (...) tomou por especial Advogada sua a Virgem Mãe de Deus, e debaixo da sua sagrada protecção e amparo lhe ofereceu a todos os seus sucessores, Reinos e Vassalos (...) reconhecendo ainda em mim avantajadas e contínuas mercês e benefícios da liberal e poderosa mão de Deus, Nosso Senhor, por intercessão da Virgem N. Sr.ª da Conceição: estando ora junto em Cortes com os três Estados, lhes fiz propor a obrigação de renovar e continuar esta promessa, e venerar com muito particular afecto e solenidade a festa da Imaculada Conceição. E nelas com o parecer de todos, assentamos de tomar por Padroeira de nossos Reinos e Senhorios a Santíssima Virgem Nossa Senhora da Conceição, (...) e prometemos e juramos (...) de confessar e defender sempre (até dar a vida, se necessário) que a Virgem Maria, Mãe de Deus foi concebida sem pecado original (...) obrigando-me a haver confirmação da Santa Sé Apostólica”.

O acto de imponente solenidade prosseguiu com os juramentos e os efeitos reais propriamente ditos: “Se alguma pessoa intentar contra esta nossa promessa, juramento e vassalagem, por este mesmo efeito, sendo vassalo, o havemos por não natural e queremos que seja logo lançado fora do Reino; se fôr Rei, haja a sua e nossa maldição e não se conte entre nossos descendentes, esperando que pelo mesmo Deus que nos deu o Reino e subiu à dignidade real, seja dela abatido e despojado. Para que em todo o tempo haja a certeza desta nossa Eleição, promessa e juramento, firmada e estabelecida em Cortes, mandamos fazer dela três autos públicos, um que vai ser levado de imediato à Corte de Roma para se expedir a confirmação da Santa Sé Apostólica, outro que se juntará a esta confirmação, e o terceiro com cópia se guarde no Cartório da Caza de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e na nossa Torre do Tombo - Lisboa, aos 25 de Março de 1646; Baltazar Roiz Coelho, o fez; Pedro Vieira da Silva, o escreveu.

Em 25 de Março de 1646, dia de Ramos, perante a Corte e representantes do Reino e cinco bispos reunidos na Capela Real dos Paços da Ribeira, realizou-se esta solene cerimónia de juramento. Pedro Vieira da Silva leu em voz alta o texto e por fim a fórmula do juramento, que o Rei, ajoelhado, diante do altar foi repetindo. O mesmo fizeram o príncipe, os grandes da nobreza, os representantes do povo e os bispos presentes. O acto terminou com solene “Te Deum”.

A confirmação papal, todavia, demorou 25 anos a chegar, devido a intrigas de Filipe IV, que faziam manter suspensas as nossas relações com a Santa Sé. Finalmente Esta foi concedida pelo Papa Clemente X, através do Breve “Eximia dilectissim”’, no dia 8 de Maio de 1671, confirmando solenemente a eleição de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, que se comemora, anualmente, no dia 8 de Dezembro, sendo feriado nacional. Antigamente, nesta data, era também comemorado o “Dia da Mãe”.

O Breve Papal ratificou a “eleição da Bem Aventurada Virgem Maria sob a invocação da Santíssima Conceição, como particular, única e singular Advogada e Protectora do Reino de Portugal”.

O novo engenho
As moedas da Conceição têm gravado 1648, ano em que foram abertos os cunhos mas só a 3 de Dezembro de 1649 o Conselho da Fazenda autorizou a Casa da Moeda a receber o engenho vindo de França, em que depois se cunhou.

Diz Gaspar Pacheco, juiz e tesoureiro da Casa da Moeda desta cidade, que lhe é necessário um despacho para que se receba o engenho que Troise António Routier traz de França para a fábrica da dita Casa, e que todas as despesas e custos que fizer com o dito engenho lhe façam as despesas com os escrivães da Casa, os quais lhes levaram os contadores em conta. E assim mais três mil réis que gastou em mandar abrir um ferro para a imagem de Nossa Senhora da Conceição” Como resposta foi dirigido o seguinte despacho de 3 de Dezembro de 1649: “O suplicante trate de recolher este engenho, e os escrivães façam a despesa na forma que pede”.

Início da cunhagem
Esta moeda começou primitivamente por ser medalha em 1648 e só pela Ordem de 5 de Dezembro de 1650 foi mandada lavrar como moeda de ouro e prata:

Por quanto Sua Magestade foi servido mandar que se lavrassem moedas de ouro e prata com a imagem santa da virgem santíssima nossa senhora da conceipçaõ, feitas no engenho que veio de França; o juis da moeda faça lavrar logo as ditas moedas na forma e maneira que já se lavravaõ asin de ouro como de prata, procurando se lavrem e façaõ alguas, as mais que se possa, athé oito deste mês de Dezembro, dia da conceipçaõ, para o que se lhe passará Alvará.

Atribuição do valor monetário
No ano seguinte foi decretado, pelo Alvará de 9 de Outubro de 1651, que estas moedas eram de uso corrente e que o seu valor monetário era de 12.000 réis para as de ouro e de 600 réis para as de prata:

Eu El-Rei faço saber aos que este Alvará virem que eu hei por bem e me praz que as moedas da Imagem de Nossa Senhora da Conceição, que ora houve por meu serviço mandar se lavrassem, tenham de valor extrínseco as que forem de ouro doze mil reis cada uma, tendo de peso doze oitavas - e as que forem de prata, seis tostões, pondo-se pelo molde mais grosso, e tendo cada uma de peso uma onça - e que nesta fórma possam correr em meus Reinos e Senhorios, como a mais moeda usual, visto a informação do Juiz e Thesoureiro da Casa da moeda desta Cidade”.

A Conceição como moeda 1651-1685
A Conceição é cunhada como moeda em nome de D. João IV, utilizando-se os cunhos originais gravados de propósito para servirem na nova prense monetária que tinha vindo de França. O seu peso é reduzido, para ficar conforme o valor nominal das moedas. Os cunhos e os respectivos punções reprodutores vão-se desgastando com o uso. Em 1895, a sua cunhagem como moeda é suspensa. Segundo Alberto Gomes existem exemplares falsos em ouro e em prata. Exemplares conhecidos:

1.D. João IV – 1648 – 40mm – 28,20g - Prata – Museu Numismático Português – Casa da Moeda – Lisboa – Inv. n.º 5164

2.D. João IV – 1648 – 40mm – 28,52g - Prata – Museu Numismático Português – Casa da Moeda – Lisboa – Inv. n.º 9556

3.D. João IV – 1650 – 42,6mm – 29,34g - Prata – Colecção Millenium BCP – único exemplar conhecido com esta data. Tem um módulo superior ao normal e um peso muito supeior ao legal. Não é crível que tenha sido cunhada para servir como moeda. Será talvez uma das meddalhas mandadas cunhar em Dezembro de 1650, antes de terem curso legal em 1651.



Conceição – Prata - 1650
Imagem: REIS, Pedro Batalha, Cartilha da Numismática Portuguesa, 1956. Segundo o autor, esta moeda tem uma variante de cunho com a data de 1648, não só no delineamento das coisas, mas também no Escudo e na data.


4.D. João IV – 1648 – 41mm – Prata – Gabinete Numismático da Biblioteca Nacional, Lisboa

5.D. João IV – 1648 – 40,1mm – 27,64g – Prata – Colecção Carlos Marques da Costa – Banco Espírito Santo, Lisboa

6.D. João IV – 1648 – 41,6mm – 27,90g – Prata – Colecção António Pedro de Andrade – Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, Brasil

7.D. João IV – 1648 – 41,2-41,5mm – 28,20g – Prata – Gabinete de Numismática da Câmara Municipal do Porto – ex-colecção João Allen


8.D. João IV – 1648 – 27,99g – Prata – CoinArchives.com


A Conceição como venera
O estabelecimento da confraria dos Escravos da Conceição obriga à estampagem de veneras e de medalhas comemorativas em nome de D. Pedro II. O mau estado dos punções anteriores leva ao fabrico e novos cunhos, em nome de D. Pedro II, com a introdução do riscado vertical na bordadura dos castelos e sem era gravada. Os cunhos deixam de ser utilizados no fianl deste reinado. Conhece-se o seguinte exemplar:

1.D. Pedro II – 1648 – 41,80mm – 19,22g – Prata – Colecção António Pedro de Andrade – Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, Brasil
Foi emitida entre 1693 e 1694. Tem dois furos de suspensão, com a preocupação de não destruir a cabeça da Senhora, ou seja, destinava-se a ser pendurada ao peito, como insígnia de Ordem Militar, ou como uma venera de uma congregação religiosa.
Vem descrito na obra de João Baptista de Castro, Mapa de Portugal: e nesta moeda se fazia a offerta de vinte e quatro mil reis no dia da festa da Conceição, em cujo dia trazem pendente ao pescoço trez Officiais, que administrarão a casa da Senhora das taes moedas.

A Conceição como medalha – recunhagens
São reproduzidas moedas dos reinados anteriores, entre 1717 e 1718, como os Portugueses de ouro, para o cirilio pascal da capela real, e a Conceição de D. João IV, com era de 1648, para as festividades régias, com abertura de novos cunhos em nome dos monarcas que primeiro as emitiram. Sempre que necessário para as funções régias, novas recunhagens vão sendo feitas nos reinados seguintes, ao longo deste século. A última recunhagem de que há notícia teve lugar em 1890, com os cumhos abertos no reinado de D. João V. A sua utilização em modernas prensas de cunhar a vapor, de grande potência, fez rachar os cunhos, que ficaram inutilizados. As reconhagens conhecidas são:

1.D. Pedro II – sem data – 41,1mm – 15,39g – Prata – Colecção António Pedro de Andrade – Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, Brasil. Terá sido recunhada provavelmente cerca de 1694, ano da confirmação real da confraria dos Escravos da Senhora da Conceição. O seu peso indica que deverá ser uma insígnia ou venera religiosa, na continuidade da tradição de ser usada ao peiro pelso confrades, ou como uma medalha de oferta, sem ter gravada a data original.Terá sido recunhada, muito provavelmente, no ano de 1694.

2.D. João IV – 1648 – 40,07mm – 35,90g – Prata – Colecção António Pedro de Andrade – Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, Brasil – Inv. n.º 873. Recunhada provavelmente em data próxima de 1717.

3. D. João IV – 1648 – 41mm – 18,79g – Prova de cunho em chumbo (duas metades delgadas e unidas) - Colecção António Pedro de Andrade – Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, Brasil – Inv. n.º 874. Recunhada provavelmente em data próxima de 1717.

4.D. João IV – 1648 – 40mm – 37g – Prata – Museu Numismático Português – casa da Moeda, Lisboa – inv. n.º 13.569. Recunhagem de 1890.

5.D. João IV – 1648 – 40mm – 38, 65g – Prata – Museu Numismático Português – casa da Moeda, Lisboa – inv. n.º 13.570. Recunhagem de 1890.

6.D. João IV – 1648 – 40mm – 37g – Prata – Colecção de Medalhas de D. Luís I – Fundação da Casa de Bragança – Palácio Ducal de Vila Viçosa.

7.D. João IV – 1648 – Colecção Carlos Marques da Costa – Banco Espírito Santo, Lisboa. Recunhagem provavelmente de 1890.

Batalha Reis chama a atenção para a recunhagem da Conceiçao efectuada no século XIX, em 1890, por ocasião da visita da Rainha D. Amélia à Casa da Moeda, com os primitivos cunhos de 1648. Essa recunhagem fez com que os cunhos se fendessem , sendo claramente visível a fenda dos cunhos nesses exemplares, do bordo junto à fonte, passando perto dos pés da Virgem até ao horto.

Em 1946, para comemorar o 3.º aniversário da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, foi feita uma recunhagem tendo sido introduzido no reverso um elemento novo: as datas de 1646 e 1946 entre os braços da Cruz. Estas medalhas tem um módulo de 42 mm e pesam 80 g(?), as de ouro, 41,8 g, as de prata e 37,2, as e cobre. Fizeram-se três emissões: em ouro, em prata e em cobre.


Conceição 1646 – 1946

Existem outros exemplares, como o que a seguir se apresenta – uma réplica da Conceição com a data de 1648 que adquiri há alguns anos. É uma medalha do Ediclube, em prata com 925 º/oo, tem um módulo de 33 mm e pesa 15 g.


A última emissão da Conceição teve lugar em 1996. Foi cunhada em prata, uma moeda com o valor de 1.000$00, para comemorar os 350 anos da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal.


Bibliografia
ARAGÃO, Teixeira de, Descrição geral e histórica das moedas cunhadas em nome dos reis, regentes e governadores de Portugal.
CASTRO, João Baptista de, Mappa de Portugal Antigo e Moderno, Capítulo XII: Das Moedas de ouro, prata e cobres antigas, e modernas, que se tem lavrado em Portugal, Lisboa, 1762.
Catálogo do Leilão n.º 55, Lote 128, Numisma.
FERNANDES, Manuel Bernardes Lopes, Memória das Medalhas e Condecorações Portuguesas e das Estrangeiras referentes a Portugal, Lisboa, 1861.
FOLGOSA, J.M. – Dicionário de numismática.
GOMES, Alberto, Moedas Portuguesas e do Território Português antes da Fundação da Nacionalidade, 3.ª Edição, 2001
IUS LUSITANIAE – Fontes Históricas de Direito Português
PEDRA, João Tavares, TRIGUEIROS, António Miguel, LEMOS, Andrade, in Revista Moeda, Vol. XXXIV, nº 1, Janeiro-Março 2009
PORTUGAL, Dicionário Histórico, Coreográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume V
REIS, Pedro Batalha, Cartilha da Numismática Portuguesa, 1956.
SALGADO, Javier Sáez, História da Moeda em Portugal, 2002, Numisma
WIKIPÉDIA, a Enciclopédia Livre

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8 comentários:

  1. Eu tenho uma moeda dessas ! Não sei se tem algum valor, será que me poderia dizer.

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  2. Moeda não deve ser. O que tem é concerteza uma medalha e o seu valor será o da prata de for esse o metal da mesma. Com uma lupa verifique por cima da data as marcas do fabricante e de contrastaria para confirmar.

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  3. nao tem marcas de fabricante nenhuma tem só a Data .

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  4. Pode ser uma falsificação. Onde adquiriu a "moeda" ? Por que preço ? De que metal é feita ?
    As moedas conhecidas são as que vêm referidas neste artigo, por isso tenho muitas dúvidas que seja verdadeira.

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  5. É o seguinte não adquiri em lado nenhum, simplesmente apareceram em minha casa esta e outras medalhas e moedas antigas!
    Não sei se é mesmo prata mas é uma questão de me informar, pois não percebo grande coisa em relação a moedas/medalhas, já as tenho algum tempo ou melhor anos e no entanto nunca liguei muito, agora é que decidi pesquisar um pouco e descobri que algumas delas tem significados interessantes, não sei se é verdadeira ou é alguma replica, mas se for verdadeira vale alguma coisa?

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  6. Tudo vale sempre alguma coisa, desde que haja alguém interessado. Mas para ter uma ideia mais precisa sobre as suas moedas/medalhas, inscreva-se no fórum de numismática em www.forum-numismatica.com e post lá as imagens das suas moedas e o pessoal dir-lhe-à se são verdadeiras ou falsas e os valores aproximados.

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  7. Tenho uma moeda dessas de prata... inclusive tenho o cedrtificado de garantia... numero da medalha é 0814...

    Quanto custa???

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    1. O que tem não é uma moeda, mas sim uma medalha banhada a prata. Considerando a oferta e a procura o seu valor é muito pouco significativo, apenas o valor da prata.

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