segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cruzado Calvário

Ano: 1545
Reinado: D. João III (1521-1557)
Valor: 400 reais
Metal: ouro de 22 1/8 quilates – 921,9 º/oo
Diâmetro:
Peso: 71 ¾ grãos – 3,56 / 3,57 g
Legislação: Carta Régia de 26 de Outubro de 1544

A/: IOANES III R PORTVGALI entre cercaduras duplas perolada e lisa. Ao centro, o escudo real coroado, ladeado pela letra R encimada por três pontos, à esquerda e, à direita a letra L, encimada por um ponto.

R/: + IN HOC SIGNO VINCES entre cercaduras peroladas. Ao centro a cruz do calvário, prolon-gando-se até à orla inferior, interrompendo a legenda

D. João III (1521-1557) foi o décimo quinto Rei de Portugal, cognominado O Piedoso ou O Pio pela sua devoção religiosa. Décimo quinto rei de Portugal, filho de D. Manuel I e de sua segunda mulher, D. Maria de Castela. Nasceu em Lisboa em 1502.

De inteligência muito reduzida e, devoto religioso até ao fanatismo, introduziu em Portugal a Companhia de Jesus e o Tribunal da Inquisição. A Inquisição foi introduzida em Portugal no reinado de D. João III, em 1536, após hesitações da Santa Sé. É que já D. Manuel I, em 1515, pedira a instalação da Inquisição. Só com D. João III e após vários anos de negociações é autorizada a introdução da Inquisição em Portugal, que, como em Espanha, fica sob a alçada do rei.

O inquisidor-geral era nomeado pelo papa sob proposta do rei, daí ter sido exercido o cargo por pessoas da família real. O inquisidor-geral nomeava os outros inquisidores. Havia tribunais em Lisboa, Coimbra e Évora.

A actuação do tribunal, para além do que se relacionava com a fé e a prática religiosa, estendeu-se a outras áreas, como censura de livros, adivinhação, feitiçaria, bigamia. A acção de censura aos livros vai ter enorme influência na nossa evolução cultural. Ou seja, a Inquisição, originalmente vocacionada para ter uma acção religiosa, passa a ter influência em quase todos os outros sectores: político, cultural e social.

O que mais preocupava o espírito de D. João III era o seu fanatismo religioso, que o levou à ferocidade, e tão funesto foi para Portugal. Desejoso de implantar a Inquisição no reino e seus domínios, travou com a cúria romana as mais demoradas negociações, gastando enormes quantias, chegando a declarar que se o papa não acedesse ao seu pedido não teria duvida em separar-se do grémio católico, seguindo o exemplo de Henrique VIII, de Inglaterra. Afinal a Inquisição ficou instituída neste reino pela bula de Paulo III, datada de 23 de Maio de 1536, sendo instituído o tremendo tribunal na sua forma mais completa pela bula de 16 de Julho de 1547.

A Companhia de Jesus foi fundada em 1534, foi aprovada em 1540 pelo pontífice Paulo III, e nesse ano entraram em Portugal os primeiros jesuítas, que o fanático monarca acolheu com o maior entusiasmo.

Esta instituição, que tinha por objectivo principal difundir a civilização cristã, prestou a Portugal relevantes serviços, missionando as terras que íamos descobrindo, protegendo e amparando os humildes, educando, instruindo e divulgando a Língua Portuguesa.

Na Índia, tornou-se notável pela sua acção evangelizadora, São Francisco Xavier9, chamado o “Apóstolo das Índias”. No Brasil, também se distinguiram alguns missionários, tais como: os padres Manuel da Nóbrega, Leonardo Nunes e José de Anchieta.

Os primeiros cruzados batidos por D. João III começaram a rarear pela subida do ouro e saía mais moeda de ouro para o estrangeiro que mercadoria. O povo, nas Cortes de 1535, começou a queixar-se da falta de moeda de ouro, justificada com a troca de moeda mais fraca que vinha de fora.

São raros os Cruzados primeiramente batidos. O rei dado ordens para acudir ao mal e mandou baixar a liga de ouro de 23,75 (989,6 º/oo) quilates, para 22,625 (942,7 º/oo), ordenando que o reverso passasse a ter a legenda IN HOC SIGNO VINCES. Acabou-se também com a cunhagem dos Portugueses, ou moedas de 10 cruzados, todos drenados para o estrangeiro.

A segunda série de cruzados, com o reverso da cruz equilateral e a legenda IN HOC SIGNO VINCES, foi batida durante um curto período de tempo. A terceira série de cruzados de ouro surge com uma nova redução no toque da liga de ouro, de 942,7 para 921,9 milésimas, decretada em Outubro de 1544 e registada na Moeda em Novembro, acompanhada por uma ligeira subida no peso do cruzado (de 3,548 para 3,56 g), obrigou a nova mudança da gravura numismática do reverso, substituindo-se a cruz simples pela cruz do monte calvário, a insígnia da Inquisição Portuguesa e por isso conhecidos como cruzados calvário.

Pela Ordenação de 10 de Junho de 1555, é suspenso o fabrico dos cruzados calvário (de 400 réis) e criado um novo sistema de moedas de ouro baseado nos mil-réis e seus meios, ornamentados com gravuras evocativas de São Vicente, o padroeiro de Lisboa.

A divisa de D. João III, o Piedoso, era uma cruz sobre um penhasco, com a legenda IN HOC SIGNO VINCES. O Cruzado Calvário representa integralmente essa empresa ou divisa. Conjuntamente com o Escudo de São Tomé, cunhado neste mesmo ano, e com o São Vicente, o Cruzado Calvário é uma das três moedas comemorativas de carácter religioso cunhadas neste reinado. Esta moeda simboliza, simultaneamente, a empresa de D. João III, a Inquisição que instituiu em Portugal, cujo símbolo é retratado no anverso da moeda, e ainda a crucificação de Cristo

Bibliografia
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
Wikipédia - pt.wikipedia.org

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