terça-feira, 23 de março de 2010

Espadim

O Espadim surgiu no reinado de D. Afonso V (1438-1481) e terminou no reinado seguinte com D. João II (1481-1495), tendo apenas circulado durante 37 anos. É uma moeda de bolhão (218,75º/oo) com 24 mm de diâmetro e 1,8g de peso e que tinha o valor de 4 reais brancos.



D. Afonso V fez umas moedas de prata baixa chamadas espadins, do tamanho de um Real, que tinham no anverso o escudo real sobre a Cruz de Aviz e a legenda ADIVTORIVM NOSTRVM IN NOMINE DOMINI. No reverso tinham no meio uma mão com uma espada com a ponta para baixo e o letreiro ALFONSVS DEI GRACIE REX.

A cunhagem dos reais brancos, moeda que sofreu uma grave desvalorização, foi substituída pela dos espadins, moeda ainda mais fraca, de liga muito variada, havendo alguns quase de cobre. Não foi encontrado nenhum documento que indique a lei por que eram lavrados. Segundo Teixeira de Aragão, os exemplares muito bem conservados têm o peso de 40 grãos, devendo assim entrar, aproximadamente, 115 peças no marco, o que fazia 460 reais brancos, pois cada espadim continha 4 reais, conforme o alvará de 22 de Agosto de 1460: não comprem nem vendam dobras de banda por maior preço de 57 1/2 espadins, que somam 230 reais brancos.

Esta moeda foi cunhada em memória da Ordem de Espada, que instituíu para a conquista do Reino de Fez.

Ordem de Espada
Instituio o Rey D. Affonso a Ordem Militar da Espada, o habito era huma medalha com huma torre, e huma espada com a terça parte mettida no capital da torre; fundou esta ordem para dezabafar o desejo que tinha de conquistar o Reyno de Fez, aonde está huma torre com a espada mettida nos muros mais altos do mesmo forte, e conservaõ os Mouros a tradiçaõ que um Rey Catholico ha de tirar daquella torre a dita espada: tomou o Rey por Patraõ desta nova Ordem a S. Tiago, e determinou que os Cavaleiros fossem só vinte e sette, em memoria dos anos que tinha quando deo principio ás conquistas de Africa, que praze a Deos se continuassem, e naõ as da Índia, que foraõ a causa de se perderem estas que custaraõ tanto sangue, ficavaõ perto, e em melhor clima, faziaõ menos gasto, e hoje dariaõ sem comparaçaõ mayor lucro.

A Ordem de Espada foi criada por D. Afonso V em 1459, para celebrar o ditoso acontecimento da conquista que emprehendera, a tomada de Alcácer Ceguer, no Reino de Fez .

Foi restabelecida em 1808, por decreto do Príncipe-Regente D. João (futuro D. João VI), no Rio de Janeiro, para onde fugiu para escapar às invasões francesas.

Nesse ano instaura a nova Ordem da Espada, através do Decreto, de 13 de Maio de 1808: tenho resolvido renovar e augmentar a unica Ordem de Cavallaria que se acha ter sido instituída puramente civil por algum dos Senhores Reis Portuguezes, qual a intitulada Ordem da Espada, que o foi pelo Senhor Rei D. Affonso o V, de muito illustre e esclarecida memoria; para cujo fim fui já servido, na Cidade da Bahia, mandar abrir uma medalha com esta lettra – Valor e Lealdade -, e com que tenho gratificado dous benemeritos vassallos do meu fiel e antigo alliado El-Rei da Gram-Bretanha. e ainda que hei por bem confirmar a sobredita Ordem de Cavallaria denominada da Espada, que se acha haver sido instituida por meu Avô de gloriosa memoria, o Senhor D. Affonso o V, chamado o Africano, na éra de 1459; para que haja de ter o seu devido effeito, como se fosse novamente creada por mim.

Mais tarde é publicada a Carta de Lei, de 29 de Novembro de 1808, que instaura e renova a Ordem da Torre e Espada.

Neste documento é, uma vez mais, referido que a única ordem puramente politica e de instituição portugueza é a que foi creada na era de 1459 pelo Senhor Rei D. Affonso V, de muito illustre e esclarecida memoria, denominado o Africano, com o titulo de Ordem da Espada, para celebrar o ditoso acontecimento da conquista que emprehendera e que a mencionada Ordem ficará designada com o nome da Torre e Espada.

A Ordem de Torre e Espada, reactivada e renovada por D. João, sucedeu à Ordem de Espada, criada por D. Afonso V em 1459, e foi a antecessora da actual Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

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