terça-feira, 23 de março de 2010

Cruzado

Em 1457, o Papa Calisto III enviou a D. Afonso V a bula da Cruzada contra os Turcos. E com o grande desejo e louvado alvoroço que El-Rei tinha para esta santa viagem mandou novamente lavrar d'ouro fino subido em toda a perfeição, a moeda dos cruzados, em cujo peso e não preço mandou sobre todos os ducados da cristandade acrescentar dois grãos por tal que por terras tão alongadas e nações tão diversas como as que porque esperava de passar corressem e se tomassem sem alguma dúvida; porque em seu tempo e d'El-Rei D.Duarte seu pai, de ouro não se lavrou outra moeda, salvo escudos d'ouro baixo, que em reinos estranhos se tomavam com grande quebra e muito pejo.
A/: + CRVZATVS: ALFOIISI: QVIITI: REGIS. P(ORTVGALIE). - Dentro de seis arcos o escudo real.

R/: ADIVTORIVM: NOSTRVM: IN: NOMI(N)E (DOMINI) – No centro de um circulo ogive a Cruz de S. Jorge.

O cruzado é uma moeda de ouro de 23 3/4 quilates, 22 mm de diâmetro, um peso de 71 ¼ grãos (3,55g) e valia 253 reais brancos. Este cruzado foi apreciado em todo o mundo. Tornou-se a principal moeda comercial portuguesa durante mais de 80 anos, vindo a ter boa aceitação tanto no mundo cristão como no muçulmano.

Esta moeda foi cunhada para comemorar a Cruzada contra os Turcos tendo D. Afonso V o cuidado de a mandar fazer com uma valorização que suplantasse a pureza do ducado, na época a moeda mais cobiçada da Europa.

Na própria moeda encontra-se inscrita a palavra com que foram denominados - CRVZATVS, que advem da referência que o soberano nessa moeda ordenara que se fizesse, à cruzada contra os infiéis, mandada pregar pelo Papa em 1457, e à qual este rei se associara, quando do seu lavramento para aquele efeito. No reverso, também é significativo a inclusão da Cruz de S. Jorge, sendo a primeira vez que a cruz do santo padroeiro de Portugal surge nas moedas portuguesas.

Bibliografia
AMARAL, C.M.Almeida do, Catálogo Descritivo das Moedas Portuguesas, Museu Numismático Português, 1977, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Tomo I, p. 363
ARAGÃO, A.C. Teixeira de, Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal, 1875, Lisboa, Imprensa Nacional, Tomo I, p. 230
PINA, Rui de, Crónica de El-Rei D. Afonso V, 1902, Lisboa, Escriptorio Vol. II, Cap. CXXXVIII, p. 142 - http://purl.pt/413/1/
Imagem retirada de www.coinarchives.com

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