domingo, 11 de julho de 2010

Centenário da Morte de Alexandre Herculano


2$50 - 20 mm - 3,5 g

5$00 - 24,5 mm - 7 g

25$00 - 26 mm - 9,5 g

Ano: 1977
Metal: cuproníquel 75/25
Acabamento: normal
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 5.990.000
Escultor: Marcelino Norte de Almeida
Legislação: Decreto-Lei n.º 46/78, de 16 de Março

A/: Efígie de Alexandre Herculano circundada perifericamente pela legenda "Centenário da Morte de Alexandre Herculano", tendo sobre a linha de eixo horizontal à esquerda "1877" e à direita "1977".

R/: É constituído pelo escudo das armas nacionais circundado pela legenda "República Portuguesa" e na parte inferior, em algarismos, o correspondente valor facial, ou seja: 2$50, 5$ ou 25$.

Não tendo tido seguimento em 1910 a projectada amoedação comemorativa do centenário do nascimento de Alexandre Herculano, apesar de decretada em 29 de Julho desse ano, foi sugerido por António Trigueiros ao secretário de Estado do Tesouro, Palmeiro Ribeiro, a "correcção desse pequeno equívoco histórico" que negara a Herculano tão precioso homenagem, pela cunhagem de uma moeda comemorativa do centenário da sua morte.

Não sendo possível preparar em tempo útil para as comemorações nacionais de 1977 uma moeda de prata, a Casa da Moeda propôs que a participação do Ministério das Finanças nestas celebrações tivesse um cunho inovador, pela emissão de uma colecção e três moedas comemorativas de cuproníquel com valores faciais do sistema divisionário em circulação (2$50 e 5$00) ou em fase de lançamento (25$00), cujo montante para cada uma seria de 3 milhões de unidades, incluindo um número limitado de colecções com acabamento "proof" destinadas a comercialização.

Submetida à apreciação do Banco de Portugal, a proposta recebeu imediata concordância, tendo o banco sugerido o alargamento do montante da emissão para 6 milhões, a fim de atenuar os efeitos de entesouramento de que habitualmente são objecto as moedas destas características e de, simultaneamente, prover às necessidades do mercado monetário.

Aprovada a estrutura desta singular amoedação comemorativa, por despacho de 27 de Maio de 1977 do subsecretário de Estado do Tesouro, Consiglieri Pedroso, a sua cunhagem e emissão foram autorizadas pelo Decreto-Lei n.º 46/78, de 16 de Março, sendo Ministro das Finanças Vítor Constâncio.

Para as gravuras destas moedas, mestre Norte de Almeida modelou um expressivo busto do homenageado, tendo aproveitado para o anverso o modelo já anteriormente utilizado na moeda comemorativa do Marechal Carmona de 1971, cuja elegante composição heráldica do escudo nacional seria também seleccionada para ornamentar várias emissões comemorativas até 1986.

Alexandre Herculano

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Quinta de Vale de Lobo, Azóia de Baixo, Santarém, 13 de Setembro de 1877) foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo.

Alexandre Herculano nasceu no Pátio do Gil, à Rua de São Bento, em 28 de Março de 1810 numa modesta família de origem popular; a mãe, Maria do Carmo de São Boaventura, filha e neta de pedreiros da Casa Real; o pai, Teodoro Cândido de Araújo, era funcionário da Junta dos Juros (Junta do Crédito Público).

Na sua infância e adolescência não pode ter deixado de ser profundamente marcado pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais, vindas sobretudo da França, que conduziriam à Revolução de 1820. Até aos 15 anos frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry, então instalados no Convento das Necessidades em Lisboa, onde recebeu uma formação de índole essencialmente clássica, mas aberta às novas ideias científicas.

Impedido de prosseguir estudos universitários (o pai cegou em 1827, ficando impossibilitado de prover ao sustento da família) ficou disponível para adquirir uma sólida formação literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas que foram decisivas para a sua obra literária.

Estudou Latim, Lógica e Retórica no Palácio das Necessidades e, mais tarde, na Academia da Marinha Real, estudou matemática com a intenção de seguir uma carreira comercial. Descontente com o governo de Miguel I de Portugal, exilou-se na França, onde escreveu os seus melhores poemas. Voltou a Portugal, em 1832, continuou a fazer poesia, como A Voz do Profeta em 1836 e A Harpa do Crente em 1838.

No jornal Panorama por volta de 1840; publicou obras de ficção, como Eurico, o Presbítero de 1844, e ganhou fama como historiador; publicou a História de Portugal, em quatro volumes, e História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal.

Com apenas 21 anos, participará, em circunstâncias nunca inteiramente esclarecidas, na revolta de 21 de Agosto de 1831 do Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra o governo ditatorial de D. Miguel I, o que o obrigará, após o fracasso daquela revolta militar, a refugiar-se num navio francês fundeado no Tejo, nele passando à Inglaterra e, posteriormente, à França (Rennes), indo depois juntar-se ao exército Liberal de D. Pedro IV, na Ilha Terceira (Açores).

Alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha, como Garrett, é um dos 7 500 "Bravos do Mindelo", assim designados por terem integrado a expedição militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de Julho de 1832,na praia do Mindelo (na verdade, um pouco mais a sul, na praia de Arnosa de Pampelido, um pouco a Norte do Porto - hoje "praia da Memória"), a fim de cercar e tomar a cidade do Porto.

Como soldado, participou em acções de elevado risco e mérito militar. Passado à disponibilidade pelo próprio D. Pedro IV, foi por este nomeado segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto. Aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a Revista Panorama, de Lisboa,revista de carácter artístico e científico de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada pela própria rainha D. Maria II, de que foi redactor principal de 1837 a 1839. Em 1842 retomou o papel de redactor principal e publicou o Eurico o Presbítero, obra maior do Romance Histórico em Portugal no século XIX.

Mas a obra que vai transformar Alexandre Herculano no maior português do século XIX é a sua História de Portugal, cujo primeiro volume é publicado em 1846. Obra que introduz a historiografia científica em Portugal, não podia deixar de levantar enorme polémica, sobretudo com os sectores mais conservadores, encabeçados pelo clero.

Atacado pelo clero por não ter admitido como verdade histórica o célebre Milagre de Ourique – segundo o qual Cristo aparecera ao rei Afonso Henriques naquela batalha -, Herculano acaba por vir a terreiro em defesa da verdade científica da sua obra, desferindo implacáveis golpes sobre o clero ultramontano, sobretudo nos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba.

O prestígio que a História de Portugal lhe granjeara leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efectivo (1852) e a encarregá-lo do projecto de recolha dos Portugaliae Monumenta Historica (recolha de documentos valiosos dispersos pelos cartórios conventuais do país), projecto que empreende em 1853 e 1854.

Herculano permanecerá fiel aos seus ideais políticos e à Carta Constitucional, que o impedira de aderir ao Setembrismo. Apesar de estreitamente ligado aos círculos do novo poder Liberal (foi deputado às Cortes e preceptor do futuro Rei D. Pedro V), recusou fazer parte do primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha.

Recusou honrarias e condecorações e, a par da sua obra literária e científica, de que nunca se afastou inteiramente, preferiu retirar-se progressivamente para um exílio que tinha tanto de vocação como de desilusão. Numa carta a Almeida Garrett confessara ser seu mais íntimo desejo ver-se entre quatro serras, dispondo de algumas leiras próprias, umas botas grosseiras e um chapéu de Braga.

Ainda desempenhando o cargo de Presidente da Câmara de Belém (1854 de 1855), cargo que abandona rapidamente. Em 1857, após o seu casamento com D. Mariana Meira, retira-se definitivamente para a sua quinta de Vale Lobos (Azóia, Santarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual - ancorado no porto tranquilo e feliz do silêncio e da tranquilidade, como escreverá na advertência prévia ao primeiro volume dos Opúsculos.

Em Vale de Lobos, Herculano exerce um autêntico magistério moral sobre o País. Na verdade, este homem frágil e pequeno, mas dono de uma energia e de um carácter inquebrantáveis era um exemplo de fidelidade a ideais e a valores que contrastavam com o pântano da vida pública portuguesa. Isto dá vontade de morrer!, exclamara ele, decepcionado pelo espectáculo torpe da vida pública portuguesa, que todos os seus ideais vilipendiara.

Aquando da segunda viagem do Imperador do Brasil a Portugal, em 1867, Herculano entendeu retribuir, em Lisboa, a visita que o monarca lhe fizera em Vale de Lobos, mas devido à sua débil saúde contraiu uma pneumonia dupla de que viria a falecer, em Vale de Lobos, em 13 de Setembro de 1877.

Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal. Juntamente com Almeida Garrett, é considerado o introdutor do Romantismo em Portugal, desenvolvendo os temas da incompatibilidade do homem com o meio social.

Alexandre Herculano casou no 1º de Maio de 1867 com D. Mariana Hermínia de Meira. Morreu na sua quinta de Vale de Lobos, Azóia de Baixo, (Santarém) a 13 de Setembro de 1877.

Bibliografia
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
TRIGUEIROS, António Miguel, A Grande História do Escudo Português, 2003, Colecções Philae
Wikipédia, a enciclopédia livre - pt.wikipedia.org

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