quinta-feira, 1 de julho de 2010

Batalha de Ourique

Ano: 1928
Valor Facial: 10 escudos
Metal: prata 835 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 30 mm
Peso: 12,5 g
Bordo: serrilhado
Eixo: vertical
Tiragem: 200.000
Escultor: José de Almeida Simões (Sobrinho)
Gravador: Domingos Alves do Rego
Legislação: Decreto nº 15.386, de 18 de Abril de 1928

A/: Comemoração da Batalha de Ourique - 1139, em caracteres góticos. Figura de D. Afonso Henriques a cavalo, empunhando espada e escudo em atitude triunfal, cabeça erguida e olhos postos no céu. Junto ao bordo inferior os nomes do escultor, Simões em relevo e do gravador, Rego gr. incuso.

R/: República Portuguesa - 1928, em caracteres góticos. Ao centro o escudo das armas de D. Afonso Henriques, coroado e ladeado pelo valor facial "10-Esc."

A segunda moeda comemorativa do regime republicano só seria emitida muitos anos depois, no intervalo entre as duas grandes guerras e, tal como na primeira, aparece ligada à necessidade de se levantarem fundos, que de outra forma representariam pesados encargos para o erário público.

Desde 1926 que uma comissão nomeada pelo Ministério da Guerra fica incumbida de propor e executar anualmente a comemoração da Batalha de Ourique, bem como proceder à execução de um monumento alusivo, em Vila Chã de Ourique, cujo custeio devia ser efectuado com os lucros de uma amoedação comemorativa, a qual iria também permitir "que fique mais indelevelmente assinalado o heróico esforço do nosso primeiro rei e de todos os portugueses daquela época, que já assim manifestavam o valor da nossa raça" (do Dec. nº 15.386, de 19 de Abril de 1928).

Com um valor facial de dez escudos, esta moeda é justamente considerada como a mais bela moeda comemorativa portuguesa, apresentando uma composição equestre do rei fundador que rivaliza na mestria escultórica, na força expressiva e no pormenor de gravação com os afamados reversos do fundador da medalha renascentina, Pizanello.

Pena foi que tal excelente escultura se Simões de Almeida (Sobrinho), magistralmente gravada por Alves do Rego, não tivesse saído impressa em moeda de maior módulo como a do nosso primeiro escudo da República.

Batalha de Ourique

Esta batalha travou-se a 25 de Julho de 1139 entre D. Afonso Henriques e os muçulmanos, com vitória para o primeiro rei português.

A tradição relata a vitória de D. Afonso Henriques sobre um numeroso contingente muçulmano comandado por cinco reis. Modernamente a historiografia pensa que o exército muçulmano não seria tão numeroso, devido à situação de crise vivida pelos muçulmanos na Península e no Norte de África.

A localização exacta do campo de batalha é também polémica. Tradicionalmente foi localizada em Ourique, no Alentejo; outras localizações foram aventadas, mas a primeira é aquela que reúne maior consenso.

Associada à batalha surgiu no século XV uma outra lenda, a do milagre de Ourique. Dizia esta lenda que, antes da batalha, teria surgido Cristo a D. Afonso Henriques, assegurando-lhe a vitória e a protecção futura do reino. Desta forma a independência de Portugal assentava na vontade expressa de Deus.

Esta lenda surgiu em 1485 (três séculos após a batalha), quando Vasco Fernandes de Lucena, embaixador de D. João II enviado ao papa Inocêncio VIII, incluiu no relato da batalha de Ourique o aparecimento de Cristo. No século XVII, o frade alcobacense Bernardo de Brito aperfeiçoou a mesma lenda pormenorizando-a e conferindo-lhe uma nova importância.

De notar que a lenda surgiu e foi reforçada em duas situações em que Portugal necessitava de consolidar a sua independência e autonomia. A partir do século XIX a lenda foi posta em causa, primeiro por Herculano e posteriormente pela moderna historiografia.

Lenda do Milagre de Ourique

A lenda conta que um pouco antes da Batalha de Ourique, D. Afonso Henriques foi visitado por um velho homem, que o rei já tinha visto em sonhos. O homem fez-lhe uma revelação profética da vitória. Disse-lhe também para, na noite seguinte, sair do acampamento sozinho, logo que ouvisse a sineta da ermida onde o velho vivia.

O rei assim fez. Um raio de luz iluminou tudo em seu redor, deixando-o distinguir, aos poucos, o Sinal da Cruz e Jesus Cristo crucificado. Emocionado, ajoelhou-se e ouviu a voz do Senhor que lhe prometeu a vitória naquela e noutras batalhas. No dia seguinte, D. Afonso Henriques venceu a batalha.

Conforme reza a lenda, D. Afonso Henriques decidiu que a bandeira portuguesa passaria a ter cinco escudos, ou quinas, em cruz, representando os cinco reis vencidos e as cinco chagas de cristo.

Bibliografia
Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010 - www.infopedia.pt
TRIGUEIROS, António Miguel, "Moedas Comemorativas de Portugal" in Revista Petrovisão nº 28 - Janeiro 1985

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