quinta-feira, 8 de julho de 2010

Infante D. Henrique

Ano: 1960
Valor Facial: 5 escudos
Metal: prata 800 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 25 mm
Peso: 7 g
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 800.000
Escultor: Marcelino Norte de Almeida
Legislação: Decreto n.º 42.357, de 3 de Julho de 1959
Ano: 1960
Valor Facial: 10 escudos
Metal: prata 800 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 30 mm
Peso: 12,5 g
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 200.000
Escultor: Marcelino Norte de Almeida
Legislação: Decreto n.º 42.357, de 3 de Julho de 1959
Ano: 1960
Valor Facial: 20 escudos
Metal: prata 800 º/oo
Acabamento: normal
Diâmetro: 34 mm
Peso: 21 g
Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Tiragem: 200.000
Escultor: Marcelino Norte de Almeida
Legislação: Decreto n.º 42.357, de 3 de Julho de 1959

Descrição comum a todas as moedas:

A/: "Quinto Centenário da Morte do Infante Dom Henrique" (Cruz de Cristo). Busto do Infante, a três quartos à esquerda; por baixo a era, 1960. Junto à truncatura do ombro direito, o nome do escultor M. Norte.

R/: "República Portuguesa e valor facial. Ladeado por folhas de carvalho com frutos. Ao centro, escudo ddo Infante, ladeado pelo moto "Talant de - bîe faire".

Poucas figuras de Portugal terão sido tão estudadas, analisadas e divulgadas internacionalmente, como a do Infante D. Henrique (Porto, 1394; Sagres, 1460), quinto filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, duque de Viseu e 8.º mestre da Ordem de Cristo (desde 1471).

A história está feita e dela veio o cognome que o consagrou como "O Navegador"; hoje diríamos que foi, sobretudo, um "gestor de navegadores", cuja empresa, financiada pelos bens e o poderio da Ordem de Cristo, revolucionou os conhecimentos da época e abriu uma nova Era na História da humanidade.

Por ocasião das celebrações nacionais do 5.º Centenário da sua morte, não podia Portugal deixar de homenagear este "Português de Ouro", o Homem e a sua Obra, e de facto fê-lo de maneira assaz completa e digna: foi instituída a Ordem do Infante D. Henrique, como galardão de elevada importância do Estado; foram criadas moedas comemorativas da sua pessoa, como documentos perenes de homenagem nacional.

E são, de facto, monumentos dignos da figura homenageada: três moedas de prata, de excepcional qualidade de gravação, constituindo uma das séries monetárias mais apreciadas pelos coleccionadores.

No anverso, o busto do infante, a três quartos à esquerda, aparece retratado com mestria pela mão do escultor Marcelino Norte de Almeida (M. Norte), com base no retrato que do Infante existe no célebre manuscrito original da "Crónica da Guiné", de Gomes Eannes de Azurara, guardado na Biblioteca de Paris e que esteve no Museu de Arte Antiga, quando da XVII Exposição Europeia.

No reverso, as armas de Portugal renderam homenagem às armas do Infante, ladeadas pela sua divisa e tendo, a ladear o valor facial, duas folhas de carvalho com frutos, que a completavam.

"Talant de Bien faire ...", ainda hoje uma lição e uma divisa a seguir.

Planeadas inicialmente para os valores de 2$50, 5$00 e 10$00 (Decreto-Lei n.º 42.138, de 5 de Fevereiro de 1959), seriam depois alteradas para 5$00, 10$00 e 20$00 (com as mesmas características das moedas de prata circulantes e comemorativa de 1953), por se ter verificado que o pequeno diâmetro da moeda de 2$50 não oferecia condições para uma perfeita cunhagem desse modelo (Decreto-Lei n.º 42.357, de 3 de Julho de 1959).

Desta colecção aproveitou o Governo para fazer muitas ofertas, designadamente às entidades estrangeiras que estiveram em Lisboa por ocasião da Parada naval, tendo a Casa da Moeda sido encarregada de patinar 200 colecções.

Outras 50 colecções foram igualmente patinadas e oferecidas pela Casa da Moeda a suas congéneres estrangeiras, com natural orgulho pela excepcional qualidade numismática das moedas e pela grandeza histórica do vulto homenageado.


Infante D. Henrique

O Infante Dom Henrique de Avis, duque de Viseu, (Porto, 4 de Março de 1394 – 13 de Novembro de 1460) foi um infante português e a mais importante figura do início da era das descobertas, também conhecido na História como Infante de Sagres ou Navegador.

O Infante D. Henrique nasceu no Porto, numa quarta-feira de cinzas, dia que se considerava pouco propício ao nascimento de uma criança. Era o quinto filho do rei D. João I, fundador da Dinastia de Avis, e de Dona Filipa de Lencastre.

O infante foi baptizado alguns dias depois do seu nascimento, tendo sido o seu padrinho o bispo de Viseu. Os seus pais deram-lhe o nome Henrique possivelmente em honra do seu tio-avô, o duque Henrique de Lencastre (futuro Henrique IV de Inglaterra).

Pouco se sabe sobre a vida do infante até aos seus catorze anos. O infante e os seus irmãos (a chamada Ínclita geração) tiveram como aio um cavaleiro da Ordem de Avis.

Em 1414, convenceu seu pai a montar a campanha de conquista de Ceuta, na costa norte-africana junto ao estreito de Gibraltar. A cidade foi conquistada em Agosto de 1415, assegurando ao reino de Portugal o controlo das rotas marítimas de comércio entre o Atlântico e o Levante.

Em 1415, foi armado cavaleiro e recebeu os títulos de Duque de Viseu e Senhor da Covilhã. A 18 de Fevereiro de 1416, foi encarregado do Governo de Ceuta. Cabia-lhe organizar no reino a manutenção da Praça marroquina.

Em 1418, regressou a Ceuta na companhia de D. João, seu irmão mais novo. Os Infantes comandavam uma expedição de socorro à cidade, que sofreu nesse ano o primeiro grande cerco, imposto conjuntamente pelas forças dos reis de Fez e de Granada. O cerco gorou-se e D. Henrique tentou de imediato atacar Gibraltar, mas o mau tempo impediu-o de desembarcar: manifestava-se assim uma vez mais a temeridade e fervor antimuçulmano do Infante.

Ao regressar a Ceuta recebeu ordens de D. João I, para não prosseguir tal empreendimento, pelo que voltou para o reino nos primeiros meses de 1419. Montou por esta época uma armada de corso, que actuava na zona do estreito de Gibraltar a partir de Ceuta. Dispunha, de mais uma fonte de rendimentos e muitos dos seus homens habituaram-se, assim, ao mar. Alguns deles seriam desviados, mais tarde, para outras viagens em direcção a novos destinos.

Em 1419–1420 alguns dos seus escudeiros, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, desembarcaram então nas ilhas do arquipélago madeirense, que já era visitado por navegadores portugueses desde o século anterior. As ilhas revelaram-se de grande importância produzindo grandes quantidades de cereais, minimizando a escassez que afligia Portugal. O arquipélago foi doado a D. Henrique pelo rei D. Duarte, sucessor de D. João I, em 1433.

Em 25 de Maio de 1420, D. Henrique foi nomeado dirigente da Ordem de Cristo, que sucedeu à Ordem dos Templários, cargo que deteria até ao fim da vida. No que concerne ao seu interesse na exploração do Oceano Atlântico, o cargo na Ordem foi também importante ao longo da década de 1440. Isso se deve ao facto da Ordem controlar vastos recursos, o que ajudou a financiar a exploração, a verdadeira paixão do príncipe.

Em 1427, os seus navegadores descobriram as primeiras ilhas dos Açores (possivelmente Gonçalo Velho). Também estas ilhas desabitadas foram depois colonizadas pelos portugueses,

Até à época do Infante D. Henrique, o Cabo Bojador era para a Europa o ponto conhecido mais meridional na costa de África. Gil Eanes, que comandou uma das expedições, foi o primeiro a passá-lo, em 1434, eliminando os medos então vigentes quanto ao desconhecido que para lá do Cabo se encontraria.

Aquando da morte de D. João I, o seu filho mais velho (e irmão de D. Henrique), D. Duarte subiu ao trono, e entregou a este um quinto de todos os proveitos comerciais com as zonas descobertas bem como o direito de explorar além do Cabo Bojador.

O reinado de D. Duarte durou apenas cinco anos, após o qual, D. Henrique apoiou o seu irmão D. Pedro na regência, durante a menoridade do sobrinho D. Afonso V, recebendo em troca a confirmação do seu privilégio. Procedeu também, durante a regência, à colonização dos Açores.

Com uma nova embarcação, a caravela, as expedições sofreram um grande impulso. O Cabo Branco foi atingido em 1441 por Nuno Tristão e Antão Gonçalves. A Baía de Arguim em 1443, com consequente construção de um forte em 1448.

Dinis Dias chega ao Rio Senegal e dobra o Cabo Verde em 1444. A Guiné é visitada. Assim, os limites a sul do grande deserto do Saara são ultrapassados. A partir daí, D. Henrique cumpre um dos seus objectivos: desviar as rotas do comércio do Saara e aceder às riquezas na África Meridional. Em 1452 a chegada de ouro era em suficiente quantidade para que se cunhassem os primeiros cruzados de ouro.

Entre 1444 e 1446, cerca de quarenta embarcações saíram de Lagos. Na década de 1450 descobriu-se o arquipélago de Cabo Verde. Data dessa época a encomenda de um mapa-múndi do velho mundo a Fra Mauro, um monge veneziano. Em 1460 a costa estava já explorada até ao que é hoje a Serra Leoa.

Entretanto, D. Henrique estava também ocupado com assuntos internos do Reino. Julga-se ter patrocinado a criação, na Universidade de Coimbra, de uma cátedra de astronomia.

Foi também um dos principais organizadores da conquista de Tânger em 1437, que se revelou um grande fracasso, já que o seu irmão mais novo, D. Fernando (o Infante Santo) foi lá capturado e aprisionado durante 11 anos, até falecer. A sua reputação militar sofreu um revés e os seus últimos anos de vida foram dedicados à política e à exploração.

Bibliografia
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
Wikipédia, a enciclopédia livre - pt.wikipedia.org
TRIGUEIROS, António Miguel, A Grande História do Escudo Português, 2003, Colecções Philae
TRIGUEIROS, António Miguel, "Moedas Comemorativas de Portugal" in Revista Petrovisão n.º 30 - Junho 1985

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